ATA DA SEXAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM
27-8-2003.
Aos vinte e sete dias do mês de agosto de dois mil e
três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Cassiá
Carpes, Cláudio Sebenelo, Darci Campani, Elias Vidal, Haroldo de Souza, João
Antonio Dib, João Carlos Nedel, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Pedro Américo
Leal, Raul Carrion e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana,
Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn,
Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maristela Maffei, Reginaldo
Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano, Wilton Araújo e Zé Valdir. Constatada a
existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Qüinquagésima Quarta
Sessão Ordinária e da Décima Quarta Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA,
foram encaminhados: pelos Vereadores Aldacir Oliboni e Darci Campani, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 104/03 (Processo nº
2225/03); pelo Vereador Cassiá Carpes, os Pedidos de Providências nos 1352,
1355 e 1356/03 (Processos nos 4156, 4193 e 4194/03, respectivamente); pelo
Vereador Cláudio Sebenelo, o Projeto de Lei do Legislativo nº 232/03 (Processo
nº 4099/03); pelo Vereador Ervino Besson, os Pedidos de Providências nos 1357,
1360 e 1361/03 (Processos nos 4195, 4199 e 4200/03, respectivamente) e os
Projetos de Lei do Legislativo nos 220, 234, 235, 239 e 251/03 (Processos nos
3823, 4103, 4104, 4111 e 4157/03, respectivamente); pelo Vereador Haroldo de
Souza, os Pedidos de Providências nos 1346, 1347, 1348, 1349, 1350, 1351, 1354,
1358 e 1359/03 (Processos nos 4135, 4147, 4148, 4152, 4154, 4155, 4170, 4196 e
4197/03, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 226/03 (Processo
nº 3845/03); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Pedido de Informações nº 163/03
(Processo nº 4220/03) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 252/03 (Processo nº
4172/03); pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de Providências nº 1343/03
(Processo nº 4132/03); pela Vereadora Margarete Moraes, o Projeto de Resolução
nº 067/03 (Processo nº 3788/03); pelo Vereador Pedro Américo Leal, o Pedido de
Providências nº 1353/03 (Processo nº 4158/03) e os Pedidos de Informações nos
161 e 162/03 (Processos nos 4176 e 4177/03, respectivamente). Também, foram
apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre:
de nº 468/03, encaminhando o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/03
(Processo nº 3979/03), de nº 502/03, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo
nº 037/03 (Processo nº 4208/03); de nº 503/03, encaminhando o Projeto de Lei do
Executivo nº 038/03 (Processo nº 4209/03). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios
nos 444, 445, 446 e 449/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre;
084/03, do Senhor Tiago Pereira Lima, Diretor do Departamento de Gestão do
Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da Assistência e Promoção
Social. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR,
ao Senhores Moacir Sampaio e Marília Duarte Schreiber, que discorreram acerca
do transcurso dos trinta e três anos de serviços prestados à comunidade gaúcha
pelo Centro de Valorização da Vida - CVV, relatando as mudanças ocorridas nas
relações humanas e sociais durante esse período. Também, apresentaram a
campanha “Como Vai Você?”, desenvolvida pelo CVV, criada a fim de ajudar
pessoas, independentemente de vínculos políticos, religiosos ou filosóficos. Na
ocasião, os pronunciamentos dos Senhores Moacir Sampaio e Marília Duarte
Schreiber foram traduzidos simultaneamente através da Língua Brasileira de
Sinais – LIBRAS. Após, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores
Cláudio Sebenelo, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Dr. Goulart, Haroldo de
Souza, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão e Raul Carrion manifestaram-se acerca do
assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e cinqüenta e três
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quatorze horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a existência de quórum.
Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo nº 02
ao Projeto de Lei do Legislativo nº 004/01, os Projetos de Lei do Legislativo
nºs 169/03, discutido pela Vereadora Margarete Moraes, 195/03, discutido pelo
Vereador Renato Guimarães, 179, 182 e 216/03, este discutido pelos Vereadores
Ervino Besson e Luiz Braz, 222/03, discutido pelos Vereadores Renato Guimarães
e Margarete Moraes, e 225/03, discutido pelo Vereador Elias Vidal; em 2ª
Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 238/02, 070, 162, 176, 177, 185,
186, 188, 189, 190, 194, 196, 197, 198, 210, 214, 215, 218 e 223/03, o Projeto
de Resolução nº 069/03; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 023/02, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 157, 159, 163,
202, 203 e 205/03, este discutido pela Vereadora Margarete Moraes, 206, 213 e
217/03, este discutido pelos Vereadores Ervino Besson e Luiz Braz. Na ocasião, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da inclusão, na Ordem do Dia,
do Projeto de Lei do Executivo nº 087/02, que institui, no Município de Porto
Alegre, a Contribuição para Custeio da Iluminação Pública, tendo o Vereador
Isaac Ainhorn manifestado-se sobre o assunto. Também, foi apregoado o Ofício nº
504/03 (Processo nº 4304/03), do Senhor Prefeito de Porto Alegre, informando
que Sua Excelência se ausentará do Município das dezesseis horas e trinta
minutos do dia vinte e nove até às vinte e duas horas e trinta minutos do dia
trinta de agosto de dois mil e três, a fim de participar de atividades do
Partido dos Trabalhadores a serem realizadas em Belo Horizonte – MG. Ainda,
face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores Darci Campani,
Cláudio Sebenelo, Juarez Pinheiro e Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente
prestou informações acerca da forma de inscrição dos Senhores Vereadores para o
período de Pauta. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn questionou
as políticas públicas adotadas na Prefeitura Municipal de Porto Alegre pelo
Partido dos Trabalhadores, protestando, particularmente, contra a tentativa do
Executivo Municipal em implementar a Contribuição para o Custeio do Serviço de
Iluminação Pública. Ainda, examinou criticamente a carga tributária vigente no
Município e contestou a sistemática de funcionamento do Programa de Orçamento
Participativo. O Vereador Pedro Américo Leal reportou-se criticamente a
declarações prestadas pelo Vereador Sebastião Melo, divulgadas na página de
política do Jornal Correio do Povo do dia vinte e seis de agosto do corrente,
de crítica a membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB -
que integraram a Aliança Renovadora Nacional – ARENA, afirmando que sente muito
orgulho da época em que foi líder da ARENA no Rio Grande do Sul. O Vereador
Cassiá Carpes defendeu a constituição de uma frente de oposição nesta Casa à
aprovação do Projeto de Lei do Executivo nº 087/02, que institui a Contribuição
para Custeio da Iluminação Pública no Município. Ainda, declarou que o Partido
Trabalhista Brasileiro - PTB - não apoiará o Partido dos Trabalhadores - PT -
nas eleições municipais de dois mil e quatro e que o objetivo de seu Partido é
a busca de mudanças na administração pública de Porto Alegre. O Vereador
Sebastião Melo reportou-se ao pronunciamento feito pelo Vereador Isaac Ainhorn,
de protesto à atuação do PT na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Ainda,
indagando quanto às reais motivações do acordo que efetivou o ingresso do PL na
frente de sustentação do Governo Municipal, declarou-se contrário ao Projeto de
Lei do Executivo nº 087/02, que institui a Contribuição para Custeio da
Iluminação Pública na Cidade. O Vereador Cláudio Sebenelo teceu considerações
acerca do ingresso do Partido Liberal - PL - na Frente Popular, atentando para
a inclusão, na Ordem do Dia, do Projeto de Lei do Executivo nº 087/02 e
criticando a política de arrecadação de tributos adotada pelo PT à frente do
Governo Municipal. Nesse sentido, afirmou que, atualmente, existe uma maior
conscientização por parte dos porto-alegrenses quanto à linha política seguida
pelo Partido dos Trabalhadores. O Vereador Valdir Caetano lembrou discussões
ocorridas nesta Casa por ocasião da constituição da Bancada do PL, referindo-se
aos pronunciamentos hoje realizados neste Legislativo, acerca do acordo firmado
entre o PT e o PL para composição do Governo Municipal. Ainda, declarou que um
cargo não representa uma mera adição de vagas, mas a oportunidade de concretizar
ações que beneficiem a comunidade porto-alegrense. Na oportunidade, face
Questão de Ordem formulada pelo Vereador Sebastião Melo, o Senhor Presidente
prestou informações acerca da inexistência de alterações na composição das
Bancadas com assento neste Legislativo. Ainda, o Vereador Sebastião Melo
formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando cópias
das Atas das reuniões realizadas entre a Mesa Diretora e o Colégio de Líderes
durante o corrente ano. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Marcelo Danéris
referiu-se ao acordo político firmado entre o PT e o PL, analisando a forma
como são construídas as alianças partidárias e lembrando acordos vigentes entre
diferentes Partidos em apoio ao Governo do Estado. Ainda, justificou que o PT
possui um projeto vitorioso à frente do Governo Municipal, sendo referência
mundial em várias áreas, com apoio da ampla maioria dos porto-alegrenses. Na
oportunidade, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Haroldo de Souza, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca dos trabalhos da presente
Sessão. Às dezesseis horas e vinte minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e vinte e um minutos, constatada
a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion,
saudando o ingresso do PL e do Partido Social Liberal - PSL - na Frente Popular,
lamentou que as críticas a essa aliança tenham ultrapassado os limites da área
política, manifestando a solidariedade de seu Partido aos Vereadores Valdir
Caetano e Almerindo Filho. Também, parabenizou a Câmara dos Deputados pela
aprovação da Lei que institui o Estatuto do Idoso. O Vereador Almerindo Filho
discorreu sobre a atuação partidária de integrantes do PT, afirmando ser essa
atuação marcada, por um lado, pela presença de radicalismos e, por outro, por
uma união partidária que viabiliza a efetiva ação política. Ainda, destacou que
críticas feitas na Casa devem ser restritas à área política, lastimando
manifestações feitas quanto às opções religiosas de Sua Excelência e do
Vereador Valdir Caetano. O Vereador Carlos Alberto Garcia analisou questões
referente às alianças efetivadas entre partidos políticos no País, informando
contatos mantidos pelo Partido Socialista Brasileiro para formação de um acordo
visando às eleições municipais de dois mil e quatro. Nesse contexto, defendeu o
nome do Deputado Federal Beto Albuquerque como candidato ao cargo de Prefeito
Municipal de Porto Alegre, tendo como vice-Prefeito um candidato do PT. O
Vereador Reginaldo Pujol, referindo-se à posição política adotada pelo Partido
da Frente Liberal, de oposição aos Governos Municipal e Federal, discutiu
criticamente a possibilidade de aumento da carga tributária em Porto Alegre e
aludiu ao Projeto de Lei do Executivo nº 087/02, que institui, no Município de
Porto Alegre, a Contribuição para Custeio da Iluminação Pública, sustentando
que a aprovação desse Projeto sobrecarregará ainda mais o contribuinte da
Cidade. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador João Antonio Dib manifestou sua
admiração pelas figuras de José Loureiro da Silva e José Aloísio Filho,
destacando que a missão principal do político é servir à comunidade. Nesse
aspecto, demonstrou sua insatisfação relativamente a intervenções
anti-regimentais feitas durante as Sessões, propugnando por respeito, serenidade
e dignidade nos debates produzidos neste Legislativo. A seguir, constatada a
existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovados os seguintes
Requerimentos: de nº 151/03 (Processo nº 4053/03 - Sessão Solene para homenagear
a Polícia Rodoviária Estadual da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do
Sul, pela passagem de seus cinqüenta anos), de autoria do Vereador Isaac
Ainhorn; de nº 159/03 (Processo nº 4206/03 - Autorização para representar
externamente esta Casa no Seminário Nacional em Defesa do Financiamento Público
para a Habitação e no Seminário Nacional de Cooperativismo e Associativismo:
Soluções para a Habitação, a serem realizados do dia nove ao dia onze de
setembro do corrente, em Brasília - DF, com percepção de passagens aéreas e diárias),
de autoria do Vereador Carlos Pestana; de nº 161/03 (Processo nº 4238/03 -
Autorização para representar externamente esta Casa no Seminário Nacional em
Defesa do Financiamento Público para a Habitação e no Seminário Nacional de
Cooperativismo e Associativismo: Soluções para a Habitação, a serem realizados
do dia nove ao dia onze de setembro do corrente, em Brasília - DF), de autoria
do Vereador Raul Carrion; de nº 162/03 (Processo nº 4319/03 - Autorização para
representar externamente esta Casa no VII Encontro Nacional de Revendedores de
Combustíveis, no VI Encontro de Revendedores de Combustíveis do Mercosul e na
EXPOPETRO 2003, a serem realizados no dia vinte e oito de agosto do corrente,
em Gramado - RS, com percepção de diária), de autoria do Vereador Elói
Guimarães. Na ocasião, o Senhor Presidente procedeu à entrega, ao Vereador Sebastião
Melo, de cópias das Atas das reuniões realizadas entre a Mesa Diretora e o
Colégio de Líderes no corrente ano, conforme Requerimento verbal anteriormente
formulado pelo Vereador Sebastião Melo. Às dezesseis horas e cinqüenta e seis
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a realização de reunião
conjunta de Comissões Permanentes, sendo retomados às dezessete horas, constatada
a existência de quórum. Em seguida, o Vereador Sebastião Melo formulou
Requerimento verbal, solicitando informações acerca do paradeiro do Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 010/93 (Processo nº 2510/93) e do Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 039/93 (Processo nº 2763/93), que dispõem
sobre a cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN - sobre
os serviços bancários e instituições financeiras, tendo o Senhor Presidente
determinado que tal solicitação fosse formalizada por escrito. Às dezessete
horas e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às dezessete horas e seis minutos, constatada a existência de quórum.
Em continuidade, o Vereador Reginaldo Pujol formulou Requerimento verbal,
solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do
Dia. Em Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 055/03, após ser encaminhado
à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Cláudio Sebenelo, Sebastião Melo,
Beto Moesch, Elói Guimarães, Carlos Pestana, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e
Carlos Alberto Garcia. Na oportunidade, face Questão de Ordem formulada pelo
Vereador Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da
votação do Projeto de Resolução nº 055/03. Também, face Questão de Ordem
formulada pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente prestou
esclarecimentos acerca da proporcionalidade partidária a ser observada na
composição da Comissão Especial com o objetivo de avaliar e discutir os três
primeiros anos de implantação do II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
Ambiental de Porto Alegre - PDDUA. Às dezoito horas e quatro minutos, constatada
a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib e
Elói Guimarães e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria
Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à
O Sr. Moacir Sampaio, representando o Centro de Valorização
da Vida, está com a palavra, para tratar de assunto relativo ao transcurso dos
33 anos de serviço à comunidade e à comemoração da Semana de Valorização da
Vida, pelo tempo regimental de 10 minutos. Está presente a Sra. Marília Duarte
Schreiber, também representante dessa entidade.
A Tribuna Popular de hoje terá a tradução simultânea por
meio de intérprete da Língua Brasileira de Sinais, LIBRAS, solicitada pelo
Centro de Valorização da Vida.
Esta semana, a Câmara Municipal está fazendo a Semana da
Acessibilidade, também em comemoração à Semana de Valorização da Vida.
O SR. MOACIR SAMPAIO: Sr.
Presidente da Câmara de Vereadores, Ver. João Antonio Dib; Sras. Vereadoras e
Srs. Vereadores, sentimo-nos imensamente honrados em poder registrar, nesta
Casa Legislativa Municipal, os 33 anos do Centro de Valorização da Vida - CVV.
As rápidas transformações que ocorrem
continuamente na sociedade fazem com que os princípios e valores tradicionais,
tais como o casamento, a família, a religião, a amizade, a honestidade, também
sofram mudanças sucessivas. O relacionamento das pessoas torna-se cada vez mais
complexo. O indivíduo, a defesa dos
interesses pessoais e o recurso para a sobrevivência, diante do excesso de
competição e da ausência de cooperação, superam em importância o coletivismo ou
a preocupação pelo interesse comum. Diante disso, a própria sociedade, à
semelhança de um organismo vivo, cuida de dedicar uma boa parte de sua energia
para amenizar as conseqüências.
Diversos grupos de pessoas têm-se
organizado com o objetivo de suprir as necessidades coletivas mais importantes,
entre elas, o CVV. (Mostra cartaz.) “Como Vai Você?” Este é o trabalho do CVV. Se você se sente em desespero,
achando que a vida não vale mais a pena, procure o CVV a qualquer hora do dia
ou da noite. Você não precisa nem dar o seu nome e o seu endereço, basta querer
ajuda. A gente tem todo o tempo do mundo para saber como vai você.
O serviço de prevenção ao suicídio pode ser dividido em três
categorias: científicos, religiosos e humanitários. Humanitários: é nesse grupo
que se integra o CVV. São trabalhadores voluntários, reunidos tão-somente pelo
desejo de servir, não havendo qualquer tipo de discriminação, qualquer vínculo
político, filosófico ou religioso.
Esse é o objetivo do posto do CVV de
Porto Alegre. O CVV de Porto Alegre está funcionando com cerca de 50
voluntários, 24 horas por dia, sábados, domingos, feriados, Natal e Ano-Novo.
São mais de 1.300 atendimentos por mês! Os voluntários são preparados por meio
de um curso com duração em torno de quatro meses. Logo a seguir, ele assume o
seu plantão, que é uma vez por semana, acompanhado de um voluntário mais
experiente. O atendimento é gratuito, anônimo e sigiloso. O atendimento
telefônico funciona 24 horas por telefone, e o pessoal atende das 7h às 18h no
próprio posto. Existem, hoje, 46 postos de CVV no Brasil; é o sexto telefone
mais chamado no Brasil em todas as capitais, sendo que, no Estado de São Paulo,
existem 14 postos de CVV. No Rio Grande do Sul, nós temos esse posto há 33
anos. À minha direita, o voluntário Paulo, nosso mais antigo voluntário e que
está há mais de 30 anos trabalhando. Nesse tempo, nós exercemos a
não-diretividade e o não-aconselhamento. Essa é a filosofia de trabalho do CVV,
atendendo à filosofia Rogeriana, qual seja, terapia centrada no paciente, não
definitivamente, mas um encaminhamento. No Brasil, o Professor da UNERJ, Franz
Victor Rudio e a Professora Ruth Schaffer também servem de parâmetro para o
nosso trabalho. O CVV é mantido pelos próprios voluntários, é criada uma
entidade mantenedora, cujos voluntários se tornam associados e participam da
sua manutenção. É claro que contamos sempre com o apoio dos órgãos públicos
municipais, estaduais e federais. O cartaz que foi mostrado aqui é uma
conquista de 2001. (Exibe o cartaz.) Neste ano, o Ministério da Saúde, em nível
federal, reconhecendo esse trabalho importante e de grande significação social,
passou a apoiar o trabalho do CVV. Foram imprimidos cartazes em nível nacional.
Antes de 2001, não havia qualquer tipo de ajuda federal, mas, mesmo assim,
todos os postos perseveraram e continuaram prestando esse trabalho. Ocorrem
cursos em nível nacional, onde foi fundado o CVV. O programa CVV existe há 41
anos, ele foi fundado em São Paulo por um grupo de estudantes e também encontrou
identificação com o The Samaritans,
de Londres. Esse programa foi fundado por um reverendo anglicano chamado Chad
Varah, e o programa do The Samaritans de
Londres, hoje, é divulgado em 76 países, mas o CVV, embora se identifique com
ele, tem um comportamento único; ele foi fundado, criado e é, genuinamente,
brasileiro. Identifica-se, é claro, pelo seu objetivo altamente social.
O CVV, a partir do mês de julho, registra
uma grande alegria: começou também a sua expansão no Rio Grande do Sul. Em
julho foi inaugurado um posto CVV,
preparado e treinado pelos voluntários do posto Porto Alegre, e Novo Hamburgo,
a partir de julho, também conta com um posto CVV. A cidade de Pelotas, com o
apoio da sua Câmara de Vereadores e da sociedade, também já tem um grupo de
voluntários sendo treinados e deve, talvez no mês de outubro ou novembro,
inaugurar um posto do CVV.
Em Chapada, havia um nível de suicídio
extremamente elevado, mas houve uma redução em torno de 70%, 80% depois que
passou a existir o posto Samaritano. Embora não haja estatísticas, havia muitos
suicídios de jovens na área rural, eles se frustravam por serem lá mantidos,
quase que obrigados, sem terem oportunidades. Os próprios defensivos agrícolas
eram o objeto do seu ato violento.
Quando nós vimos aqui comemorar junto a
nossa comunidade, com a Câmara de Vereadores nos acolhendo, nós nos sentimos,
realmente, satisfeitos.
Não é o Moacir nem a minha colega
Marília. O CVV tem um curso interno para os voluntários, em que se diz:
“Liderança centrada no grupo”. Essa liderança centrada no grupo significa que
um voluntário sozinho não representa a idéia do CVV. No CVV, somente as
decisões tomadas pelo grupo é que são válidas, assim como nesta Casa:
discutem-se as idéias, há inúmeros Partidos, divergências, opiniões, mas é a
maioria que leva em frente.
Então, na verdade, nós vimos aqui para
solicitar o apoio dos senhores. Nós temos um companheiro voluntário, Fernando,
que está há pouco tempo conosco, ele está numa campanha para conseguirmos um
telefone 0800, porque, com os custos telefônicos atuais, as camadas menos
favorecidas ficam oneradas ao ligar para o CVV. Nós vamos incitar essa campanha
e gostaríamos de contar com o apoio da Câmara. Queremos também convidá-los para
que, no ano que vem, no nosso aniversário, vocês possam nos acompanhar na
Semana de Valorização da Vida.
Para encerrar, quero citar uma frase do
pensador Struther Burt: “Quando os homens fracassam, o que lhes faltou não foi
inteligência, foi paixão”. Os voluntários do CVV não querem ser os mais inteligentes
e, há 33 anos, exercem a solidariedade e a compaixão, pois têm a certeza no
coração de que solidariedade é o outro nome do amor. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
especialmente meu amigo Moacir Sampaio e seu Centro de Valorização da Vida, o
meu abraço à Marília Duarte Schreiber, nós estamos diante de um dos eventos
mais importantes que existe: no momento em que a sociedade banaliza a vida,
vocês valorizam a vida. E o CVV, Centro de Valorização da Vida, é também o
centro de “Como Vai Você?”, que é de uma beleza encantadora e enternecedora,
pela forma como é feita, pela discrição e, principalmente, pelo gesto de
humanidade. Além de tudo, hoje, se não é a primeira vez nesta Legislatura, deve
ser a segunda ou a terceira vez em que, numa Tribuna Popular, há a transmissão
por intermédio da LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Esta participação vem a
calhar com a questão da acessibilidade da deficiência. Nós temos hoje aqui a
questão da acessibilidade da deficiência, e vocês lidam com um outro tipo de
deficiência, que é a psicológica.
Então, tudo vem a calhar com essa idéia
da Câmara Municipal de fazer, oficialmente, todos os anos a Semana da
Acessibilidade. E, coincidindo com esse trabalho magnífico feito pelo CVV, a
Câmara Municipal vai apresentar uma proposta para que todas as transmissões de
televisão, pelo menos da Câmara Municipal, sejam feitas com tradução da LIBRAS,
que é uma coisa fantástica. Além disso, além do meu abraço e da grande
importância da presença de vocês aqui hoje, levem o agradecimento da Câmara
Municipal pela intensa colaboração na realização da Semana da Acessibilidade,
feita nesta semana oficialmente. Muito obrigado pela sua presença.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, meu caro Moacir Sampaio, minha prezada Marília Duarte Schreiber, em
meu nome, em nome da nossa Bancada, do Partido Progressista, do Ver. João
Antonio Dib, do Ver. Pedro Américo Leal, do Ver. Beto Moesch, eu quero
cumprimentar o CVV pelos 33 anos de serviços à comunidade porto-alegrense e
também pela comemoração da Semana de Valorização da Vida. A nossa Bancada,
Moacir e Marília, entende muito bem o trabalho que o CVV faz em prol da vida. O
nosso Líder de Bancada, Ver. Pedro Américo Leal, é psicólogo, conhece bem o
assunto; o nosso coordenador da Bancada, Valton Carpes é psicanalista, conhece
muito bem esse assunto.
Eu quero, então, cumprimentar e
agradecer, por Porto Alegre, o trabalho que vocês vêm fazendo. Cumprimento-lhes
também pela expansão que está ocorrendo em Novo Hamburgo, em Chapada e, em
breve, em Pelotas. Quero dar o meu apoio, o apoio da nossa Bancada a essa nova
palavra, que é sinônimo de amor: solidariedade. Vocês fazem solidariedade.
Vocês estão tentando melhorar este mundo de Deus. Parabéns!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete
Moraes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. MARGARETE
MORAES: Exmo. Sr. Presidente, João Antônio Dib; Sras.
Vereadoras, Srs. Vereadores, cumprimentando o Sr. Moacir Sampaio, a Sra.
Marília Duarte, o Sr. Paulo Nunes, a Sra. Rosa Maria, nós queremos saudar, em
nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, os mais de 50 voluntários do
Centro de Valorização da Vida ou do “Como Vai Você?”, o qual realiza um
magnífico serviço de prevenção ao suicídio há mais de 33 anos. São pessoas
generosas, preparadas, sempre disponíveis a oferecer uma palavra, um ombro
amigo a todas aquelas pessoas que, pelas mais diversas razões, subjetivas ou
objetivas, estão desesperadas, estão sem solução para os seus problemas, estão
sem perspectiva, sem esperança, são pessoas que buscam socorro, que telefonam e
que querem uma mão que as livre do suicídio ou do abismo. Recebam, portanto, o
reconhecimento, o respeito, o apoio da Bancada do Partido dos Trabalhadores por
todas as vidas que vocês já salvaram e por aquelas que ainda serão salvas.
Quero dizer também que é uma honra muito grande recebê-los nesta Câmara de
Vereadores, porque o nosso bem maior é a vida, e como já diziam os poetas: “A
vida é bonita e sempre vale à pena”. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. DR. GOULART: Sr. Moacir Sampaio, Sra. Marília Duarte
Schreiber, falo em nome da Bancada do PDT, do nosso querido Ver. Ervino Besson,
Ver. Nereu D'Avila, Ver. João Bosco Vaz, Ver. Isaac Ainhorn. Eu quero dizer que
o Roberto Carlos já lembrava: “Como vai você? Eu preciso saber da sua vida”. E
com isso a gente luta contra a quarta causa de morte de mulheres entre 11 e 51
anos, que são as causas externas. O suicídio, embora venha de dentro, é
considerado uma causa externa, como causa de morte. Para isso, temos 50
voluntários, durante 24 horas, o tempo todo esperando pelas pessoas. As
palavras que tenho a dizer neste momento, que são poucas, mas de enorme valor,
são: prevenção, sigilo, voluntariado, respeito, gratuidade e compaixão.
Quero saudar e dizer que a nossa Bancada
está coesa com esse pensamento e com essa idéia que permanece há 33 anos. Uma
empresa que dura 5 anos é pouco por cento, e 70% dos empreendimentos
desaparecem em 5 anos, mas nós temos esse trabalho se firmando em 33 anos de
verdadeira compaixão. Aí, eu lembro, sim, como a Ver. Margarete Moraes, o que
Gonzaguinha nos ensinou: “Que a vida é bonita, é bonita e é bonita”. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou
aqui falando ao telefone com o Sr. Berverdu da Brasil Telecom. Já estou tomando
providências a respeito da linha 0800, solicitada pelo Sr. Fernando, e o
Berverdu está nos ouvindo neste momento.
Quero dizer o seguinte: “Hoje eu gostaria
que o mundo se abrisse num enorme buraco para eu entrar nele e desaparecer”.
Qual o ser humano que já não sentiu essa vontade? Amanhece, e pensa: “Bah!
Tomara que se abrisse um buraco agora, eu queria entrar nele e não sair mais”.
Procure o CVV, porque aí ele pode saber como vai você, e todos nós poderemos
ter esse auxílio tão fantástico.
O Ver. Dr. Goulart disse bem, o suicídio não é divulgado
pela imprensa, mas há um número assustador de pessoas que atentam contra a
própria vida e acabam conseguindo. Então, a existência do CVV, Centro de
Valorização da Vida, é importantíssima. Todos nós do PMDB estamos empenhados
nisso, e eu estou, neste momento, tentando conseguir essa linha 0800, tão
importante para todos vocês.
Parabéns pelos 33 anos de existência e
pelo trabalho que vocês realizam para a sociedade. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, quero saudar o Sr. Moacir
e a Dona Maria, é uma satisfação recebê-los nesta Casa. Em nome do Partido
Trabalhista Brasileiro, deste Vereador, do Ver. Elói Guimarães e do Ver. Elias
Vidal, transmito o nosso carinho e a nossa solidariedade a esse trabalho
importantíssimo que vocês fazem, do qual muita gente não toma conhecimento, mas
que atinge milhares de pessoas e que tem uma peculiaridade bem definida, com
uma capacidade de persuasão, com carinho e solidariedade.
Portanto, só nos resta, nesta Casa, felicitá-los por esses
33 anos de serviços que entram nas casas com um objetivo bem definido - e
muitas vezes nós não teríamos condições de entrar -, só vocês, dessa forma
carinhosa, dessa forma de chegar à sociedade com a capacidade que vocês têm.
Por isso, o nosso carinho, a nossa felicitação, o nosso parabéns, que vocês
sigam esse caminho salvando vidas. E só vocês podem salvar vidas dessa forma;
nós, quem sabe, não teríamos essa condição. Muito obrigado, parabéns, voltem a
esta Casa e recebam o carinho dos Vereadores.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia
Maranhão está com a palavra nos termos do art. 206 do regimento.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, queremos saudar a presença entre nós do CVV e dizer a vocês que é
muito gratificante para a Câmara poder compartilhar de uma data tão
significativa de uma entidade que, pela sua generosidade e competência, completa
33 anos. Com esta velocidade de mudança da nossa sociedade, a consolidação de
uma entidade é enormemente atrapalhada pelo ritmo acelerado, pelas dificuldades
muitas vezes financeiras e pela falta de tempo das pessoas para poderem se
dedicar a elas.
O CVV permanece por mais de três décadas,
porque o que embala a ação de vocês são valores fundamentais como a
solidariedade e o voluntariado. Vocês se dedicam às pessoas nos momentos mais
vulneráveis da vida desses cidadãos e têm cumprido, portanto, um papel de
enorme compromisso social com os seres humanos que estão vivenciando momentos
depressivos ou de desesperança.
Portanto, queríamos compartilhar a
alegria de recebê-los e colocamo-nos à disposição naquilo que for necessário
para contribuir com a luta e com o trabalho maravilhoso que vocês têm feito.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais oradores
inscritos. Perdão, Ver. Raul Carrion. O Ver. Raul Carrion está com a palavra
nos termos nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao
Moacir, à Marília e, por intermédio deles, saudamos todas as pessoas que
participam desse trabalho belíssimo do Centro de Valorização da Vida, que
completa 33 anos, reconhecido como uma entidade de utilidade pública federal,
mas, se considerarmos o seu início em 1962, em São Paulo, completa 41 anos de
serviços, com mais de 2 mil e 500 pessoas prestando serviços, 48 Centros em
todo o Brasil. É um trabalho meritório, voluntário e extremamente importante
numa sociedade como a nossa, onde o que vale mais é o ter e não o ser, uma
sociedade do individualismo e não da solidariedade, uma sociedade do egoísmo e
não da generosidade, uma sociedade da competição e não da colaboração. É evidente
que os problemas que surgem pelo sentimento de isolamento das pessoas, mesmo
que no meio da multidão, se refletem nessa sociedade. O número de suicídios, o
número de casos de depressão, de pessoas em situação de extrema dificuldade
cresce dia a dia. Então, parabéns pelo trabalho de vocês, nós lutamos também
para que uma nova sociedade, uma sociedade de solidariedade, de generosidade,
de colaboração prevaleça. Creio que um dia esse trabalho de vocês será
desnecessário, ou, pelo menos, menos massiva a exigência. Será o dia em que nós
construiremos um outro Brasil, um outro mundo, mais livre, mais democrático,
mais humano, mas sempre o trabalho de vocês será fundamental. Saudação,
parabéns e longa ação para vocês.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Raul Carrion, a
Mesa pede desculpas, realmente V. Exa. estava inscrito. Agora, sim, não há mais
inscrições, mas dois Vereadores dirigiram-se à Mesa, pedindo que fossem
transmitidos os seus cumprimentos. O Ver. Carlos Alberto Garcia parabeniza a
instituição CVV pelo brilhante trabalho desenvolvido junta à comunidade, no
sentido de prestar apoio emocional às pessoas, bem como avaliar o sofrimento, a
angústia, o desespero, a depressão nas 24 horas do dia. Tudo feito de forma voluntária
não medindo esforços para melhorar as condições do ser humano em seu ambiente
maior: a vida. Também o Ver. Reginaldo Pujol apresenta os seus cumprimentos,
oferece a sua solidariedade, formulando votos de que o CVV continue sendo útil
na Cidade, especialmente aos cidadãos de Porto Alegre.
“Como Vai Você?” É tão simples. Será que
nós todos nos perguntamos e podemos responder positivamente? Será que, cada vez
que passamos no corredor, cada vez que entramos num elevador, nós perguntamos
“como vai você?” Será que nós podemos responder positivamente no sentido de
que, para aquele ascensorista, para aquela pessoa que nos serve, nós dizemos
“bom-dia”, ou “obrigado”, quando saímos, e, às vezes, dizemos uma palavra ou um
“oi” apenas para uma pessoa que está muito preocupada vai resolver muitos dos
seus problemas? Ela vai pensar: “Alguém se preocupa comigo, perguntaram como é
que eu estou.” Mas, mais importante do que isso, existem algumas dezenas de
pessoas, em Porto Alegre, que há 33 anos vêm ouvindo, por telefone, pessoas que
têm problemas sérios. E, no mundo, onde a solidariedade foi esquecida, ser
ouvido é extraordinariamente importante. Os dois médicos que estão aqui no
plenário hão de dizer que muitos do clientes melhoram seu estado de saúde no
momento em que começam a falar. Por isso nós desejamos que o CVV continue
servindo aos cidadãos, e que mais cidadãos se apresentem voluntariamente para
ajudar os seus semelhantes. Obrigado pela presença dos senhores. Saúde e paz!
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h53min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 14h54min): Estão
reabertos os trabalhos.
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª
SESSÃO
PROC. 0088/01 -
SUBSTITUTIVO N.º 02, que isenta os desempregados de pagar as
tarifas de transporte coletivo por ônibus, no Município de Porto Alegre, no 1.º
dia útil de cada semana, ao PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N.º 004/01, ambos de autoria do Ver. Raul Carrion. Com Substitutivo n.º 01.
PROC. 3214/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 169/03, de autoria do
Ver. Isaac Ainhorn, que dispõe sobre a oficialização do Festival Choref de
Música e Dança do Folclore Judaico, promovido pela Fundação Israelita
Brasileira de Arte e Cultura Kadima.
PROC. 3363/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 179/03, de autoria do
Ver. Carlos Pestana, que regulamenta a instalação das vias de transporte de
massa no Município.
PROC. 3449/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 182/03, de autoria do
Ver. Beto Moesch, que dispõe sobre o funcionamento das casas de jogos por
computador e dá outras providências.
PROC. 3590/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 195/03, de autoria do
Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre a obrigatoriedade, no Município de Porto
Alegre, de os hotéis criarem e manterem ficha de identificação de crianças que
se hospedem no estabelecimento.
PROC. 3797/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 216/03, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o Executivo Municipal a realizar consulta
popular para decidir a localização ideal da Estátua do Laçador, símbolo da
Capital gaúcha.
PROC. 3831/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 222/03, de autoria do
Ver. Renato Guimarães, que torna obrigatória a afixação de placa ou cartaz com
advertência sobre exploração sexual de criança e adolescente nos
estabelecimentos que menciona.
PROC. 3843/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 225/03, de autoria do
Ver. Elias Vidal, que proíbe a divulgação da venda de produtos falsificados,
pirateados ou contrabandeados nos meios de comunicação.
2.ª
SESSÃO
PROC. 3176/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 162/03, de autoria do
Ver. Carlos Alberto Garcia, que denomina Rua Sandra Bréa um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Restinga.
PROC. 3355/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 176/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Sandro Batista Souza da Costa um
logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 3356/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 177/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Jaime Lino dos Santos Filho um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 3550/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 185/03, de autoria do
Ver. Nereu D’Avila, que denomina Rua Dr. Ivan Rospide um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Agronomia.
PROC. 3552/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 186/03, de autoria do
Ver. Nereu D’Avila, que denomina Rua Ernesta Feijó Dias um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Jardim Itu-Sabará.
PROC. 3569/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 188/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Leão Licurgo Brasiliano Arano um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Vila Nova.
PROC. 3570/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 189/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Derly Jukowsky Martinez um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Cavalhada.
PROC. 3571/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 190/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Hulda Scherer um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Vila Nova.
PROC. 3591/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 196/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Alberto Zolin Filho (Carlitos) um
logradouro público cadastrado, conhecido como Rua 6238 - Loteamento Moradas da
Hípica.
PROC. 3754/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 210/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua das Bromélias um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Restinga.
PROC. 1765/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 070/03, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que denomina Rua Sidney Lima um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Farrapos.
PROC. 3586/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 194/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que dá nova redação ao art. 2.º da Lei n.º 8.553, de 12 de
julho de 2000, que dispõe sobre a instalação de cercas energizadas destinadas à
proteção de perímetros no Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC. 3611/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 197/03, de autoria do
Ver. Luiz Braz, que declara de utilidade pública o Partenon Tênis Clube,
sociedade recreativa, desportiva e cultural.
PROC. 3612/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 198/03, de autoria do
Ver. Cassiá Carpes, que denomina Rua Octacílio Gonçalves da Silva Filho um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Nonoai.
PROC. 3714/02 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 238/02, de autoria do
Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Geraldo Zaniratti um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Três Figueiras.
PROC. 3791/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 214/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Antonio Alberto Palamar Moreira um
logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 3792/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 215/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Timbaúva um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Restinga.
PROC. 3813/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 218/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que fixa o traçado da Rua dos Guenoas, localizada no
Bairro Espírito Santo.
PROC. 3816/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 069/03, de autoria da Ver.ª
Maristela Maffei, que concede o título honorífico de Líder Comunitária à
Senhora Maria Benta Boeira Vianna.
PROC. 3840/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 223/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Tom Jobim um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
3.ª
SESSÃO
PROC. 0705/02 -
SUBSTITUTIVO N.º 01, que altera dispositivos da Lei n.º 7.958,
de 8 de janeiro de 1997, alterada pela Lei n.º 8.023, de 24 de julho de 1997,
que dispõe sobre o reajuste da tarifa do transporte coletivo do Município, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 023/02, ambos
de autoria do Ver. Sebastião Melo.
PROC. 3084/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 157/03, de autoria do
Ver. Dr. Goulart, que dá nova redação ao art. 4.º do texto em vigor da Lei n.º
6.442, de 11 de setembro de 1989 (Dispensa a apresentação de atestado médico
para renovação da carteira de identificação de portadores de deficiência
física, visual ou auditiva irreversível).
PROC. 3123/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 159/03, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que obriga os estabelecimentos de bingo em Porto Alegre
a destinarem espaço para fumantes. Com
Emenda n.º 01.
PROC. 3202/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 163/03, de autoria do
Ver. Wilton Araújo, que proíbe a instalação de hidrômetros sem o certificado do
INMETRO.
PROC. 3588/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 202/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que dá nova redação ao art. 3.º da Lei n.º 8.828, de 13 de
dezembro de 2001, que cria a Calçada da Fama para homenagear e eternizar os
gaúchos que marcaram o Século XX.
PROC. 3655/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 203/03, de autoria do
Ver. Wilton Araújo, que altera a redação do parágrafo único do art. 11 da Lei
n.º 8.413, de 20 de dezembro de 1999, que cria o Sistema Funerário Municipal e
dá outras providências.
PROC. 3662/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 205/03, de autoria da
Ver.ª Margarete Moraes, que institui o Dia da Fogueira de São João.
PROC. 3672/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 206/03, de autoria do
Ver. Sebastião Melo, que torna obrigatória a afixação de informativos ao
público nos centros de saúde, nas unidades sanitárias e nos hospitais
localizados no Município.
PROC. 3790/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 213/03, de autoria do
Ver. Dr. Goulart, que altera a redação da ementa e do art. 1.º da Lei n.º
9.020, de 22 de novembro de 2002, que denomina Carrion Júnior o complexo de
viadutos de acesso da BR 602 à nova Estação de Passageiros do Aeroporto Salgado
Filho.
PROC. 3811/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 217/03, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o Executivo Municipal a realizar consulta
popular para decidir sobre a derrubada do muro da Avenida Mauá em Porto Alegre.
Com Emenda n.º 01.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, o Fórum Nacional de Luta Contra a Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes, no último período, além de uma campanha nacional na mídia,
denunciando, fazendo com que a sociedade acorde para a questão de que a
exploração sexual de crianças e adolescentes é crime, tirou também um conjunto
de ações. É nesse rol de ações que vem este Projeto de nossa autoria e também o
Projeto de autoria do Ver. Sebastião Melo, que, pelo que sei, está no mesmo
rol, pois trata de tornar cada vez mais visível, nos estabelecimentos que
exploram comercialmente a sexualidade – motéis, estabelecimentos que lidam com
essa situação –, aos freqüentadores, que a exploração sexual, envolvendo
crianças e adolescentes, é crime.
Na realidade, isso está colado, Ver. Pedro Américo Leal, a
um conjunto de ações nacionais que visam a acordar a sociedade para essa
questão cruel, que acaba sendo escondida, mas que está presente no dia-a-dia.
Devemos denunciar, botar na cadeia, fazer pagar as pessoas que cometem esse
crime hediondo.
Gostaria de colar a este registro da
Pauta o que os Vereadores trouxeram, na semana passada, sobre a questão de que
há um perfil de crime acontecendo, hoje, ligado a assaltos, durante os quais
acabam acontecendo a violação e o crime de abuso sexual.
Na qualidade de Legisladores, temos de
denunciar esse tipo de coisa. O ladrão, o delinqüente que, na ação de roubar,
se utilizar dessa condição para abusar sexualmente de uma mulher, no processo
criminal não deve ser enquadrado pela questão do roubo, mas enquadrado como
crime hediondo. Estamos chamando a atenção para isso. São situações que vêm
freqüentemente acontecendo nos chamados crimes comuns, de roubo, de latrocínio,
envolvendo violência sexual; nós temos que estar, enquanto população, enquanto
sociedade, fazendo com que a inserção desse crime seja caracterizado como crime
hediondo. Não dá para se permitir esse tipo de coisa!
Este Projeto que nos possibilita a
discussão sobre a necessidade de afixar, de tornar pública a história do crime
hediondo, envolvendo a criança e o adolescente, em hotéis, motéis, em
estabelecimentos que lidam com esse tipo de atividade, na realidade, tem de
estar colado ao que a nossa frente parlamentar na Câmara vem fazendo, que é,
permanentemente, acordar a sociedade com um conjunto de debates, colocando na
pauta a questão da exploração sexual.
Quando falamos de prostituição infantil,
não estamos falando de algo que acontece lá numa estrada no Nordeste, que
aparece num programa nacional de TV, nós estamos falando de uma realidade que
assola todas as nossas cidades. Caminhamos no Centro da Cidade e vemos isto: a
pobreza, a miséria, a delinqüência, que caminham nesse sentido.
Portanto, nós temos de estar, enquanto
sociedade organizada, atentos, denunciando. Essa é mais uma forma de fazer a
denúncia, obrigando esses estabelecimentos a tornar público esse tipo de
situação - a exploração sexual de crianças e adolescentes -, que é um crime, e
quem fizer vai para a cadeia.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maristela
Maffei está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. A Ver.ª
Margarete Moraes está com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib,
Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, neste momento de discussão de Pauta, eu
gostaria de me manifestar acerca de três Projetos que se encontram nesta discussão
preliminar.
Os dois primeiros dizem respeito à
oficialização de dois eventos culturais que, na verdade, simbolizam a riqueza
das nossas diversas identidades artísticas e culturais, considerando a
pluralidade da formação da própria sociedade brasileira.
O primeiro Projeto, a respeito do qual eu gostaria de me
manifestar, é de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, o Projeto n.º 169/03, que
dispõe sobre oficialização do Festival Choref de Música e Dança do Folclore
Judaico, promovido pela Fundação Israelita Brasileira de Arte e Cultura Kadima.
Na verdade, trata-se de uma expressão de cultura que reflete e expressa o
Folclore Judaico na dança, no teatro, na música, aberto às mais diversas
expressões artísticas e a toda sociedade brasileira. Na verdade, ele é realizado
pela Fundação Kadima, que possui mais de 20 anos de existência, e através da
emoção, da alegria, da estética, busca unir os povos e promover a paz.
O segundo Projeto, sobre o qual eu
gostaria de me manifestar, é de minha autoria e trata da oficialização do Dia
da Fogueira de São João, um evento organizado pela comunidade da Vila Ipiranga
e acontece há mais de dez anos. Trata-se de uma quermesse, organizada por
aquela comunidade, e eles solicitaram a inclusão dessa festa no Calendário
Oficial de Porto Alegre. Assim como o carnaval, as festas de São João acontecem
em todo o território brasileiro e expressam-se também com nuanças
diferenciadas. A comunidade organiza feira de artesanato, feira de gastronomia,
chama os talentos locais da região, e a Secretaria Municipal da Cultura entra
com a infra-estrutura e com a contratação de um evento, que, neste ano, foi
definido pela comunidade, eles optaram por convidar os irmãos Fagundes.
Em terceiro lugar, eu gostaria de me
referir ao Projeto do companheiro Ver. Renato Guimarães, quero assinar embaixo,
concordar com essa idéia, quando ele adverte sobre a exploração sexual de
crianças e adolescentes em determinados estabelecimentos. E quero manifestar
que concordo, absolutamente, com a idéia do Ver. Renato Guimarães de que esses
crimes devam ser considerados como crimes hediondos. Obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, há dois dias, recebi os
avulsos da comunicação, na forma regimental, de que o Partido dos
Trabalhadores, Sr. Presidente, desenterrara aquilo que já estava sepultado, na
tentativa de penalizar a população da cidade de Porto Alegre. Desenterraram,
Sr. Presidente, como é de seu conhecimento, Srs. Vereadores, a Contribuição de
Iluminação Pública. Desenterraram a Contribuição de Iluminação Pública e o
estão fazendo, Ver. Dr. Goulart, e o estão fazendo no ano anterior ao ano
eleitoral. A oposição desta Casa deve-se levantar e dizer um basta a esse
massacre tributário que o PT tenta fazer na cidade de Porto Alegre, mobilizando
a população de Porto Alegre. Nós vamos encher as galerias desta Casa,
denunciando o que o PT está tentando fazer, no silêncio, na socapa, aqui na
cidade de Porto Alegre.
Vou explicar como funciona: é assim como
o Orçamento Participativo. Eles exportam a imagem da perfeição do Orçamento
Participativo, e aí os incautos vêm do Exterior, fazendo viagens e até turismo,
para saber como funciona o Orçamento Participativo em Porto Alegre. Nós sabemos
que é uma balela. Nós sabemos que é uma balela; agora, o que está acontecendo
nós não deixaremos passar.
Hoje, encontra-se para votação, na Ordem
do Dia, o Projeto de Lei que institui a taxa de Contribuição de Iluminação
Pública, aquela mesma taxa, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que nós não
deixamos passar no ano passado, em Convocação Extraordinária, e este Vereador
pediu o adiamento por uma Sessão. E daí o PT tirou o quórum para não votar o
adiamento, porque seria derrotado, preferiu não enfrentar a derrota da rejeição
do seu Projeto. A população entendeu que a oposição, ao apagar das luzes, no
ano passado, impediu que se perpetrasse mais um aumento de tributo na cidade de
Porto Alegre, com a Contribuição de Iluminação Pública; quando nós sabemos que
a energia elétrica subiu 30% neste ano. Esses 30% representaram também um
aumento do ICMS de retorno para o Estado e para o Município, na proporção dos
seus gastos. Portanto, já há dinheiro para pagar a iluminação. Se não há
iluminação na cidade de Porto Alegre, se não paga a conta, se está inadimplente
em relação à conta de luz é por incompetência. Por incompetência! É por falta
de qualificação na gestão da coisa pública. O mesmo que levou ao atraso de quase
quatro anos na entrega da obra do Paço Municipal, e ficam dando justificativas.
O mesmo que levou ao atraso das obras da 3ª Perimetral, ao atraso de todas as
obras desta Cidade.
Sr. Presidente, eu vou pedir que V. Exa.
me assegure o tempo.
Aí, vem o Líder do PT, agora, quando este Vereador denunciou
que na socapa estava sendo votada a taxa de Contribuição de Iluminação Pública,
dizer: “Não, nós não vamos votar hoje porque estamos buscando os 17
votos." Lógico, eles já têm 10 do PT, 11 com o PC do B, 12 com o PSB.
Cooptaram, e a cidade de Porto Alegre deve saber que cooptaram um Partido de
centro direita, que é o PL; passaram a fazê-lo integrar o seu Governo,
dando-lhe, a partir do ano que vem, uma Secretaria. Segundo registra a
imprensa, são 15 Cargos em Comissão!
Eu me recordo aqui da figura de Roberto
Cardoso Alves, que invocava muito São Francisco, dizendo: “É dando que se
recebe”. O PT está fazendo a mesma política vergonhosa que Fernando Henrique
Cardoso fez, que dava os cargos, dava concessão de rádio, canal de televisão. E
aqui estão fazendo essas negociações para buscar os 17 votos; eles já têm 14.
Eu espero que a oposição desta Casa tenha verticalidade, tenha coluna
vertebral, assim como tem tido o Partido Trabalhista Brasileiro desta Casa, eu
sou testemunha disso.
Eu quero votar, antes, o Projeto do Ver.
Cassiá Carpes que proíbe a implantação da Contribuição de Iluminação Pública na
cidade de Porto Alegre. Vamos fazer, Ver. Cassiá Carpes, a frente parlamentar
de oposição ao aumento dos tributos...
(Som cortado conforme determinação da presidência dos trabalhos.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Isaac Ainhorn, a
Mesa, em defesa da Diretoria Legislativa e de si própria, deve dizer a V. Exa.
que o Projeto foi incluído na Ordem do Dia na forma regimental, nada
equivocado.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, peço a palavra.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há discussão. Se
for Questão de Ordem, eu lhe concedo a palavra. Baseado em qual o artigo da Lei
Orgânica ou do Regimento?
O
SR. ISAAC AINHORN: Pelo artigo do bom-senso de Vossa
Excelência.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O artigo do bom-senso
foi usado mal. Eu, às vezes...
O
SR. ISAAC AINHORN: Eu quero dizer que, em nenhum momento,
este Vereador disse que houve qualquer ação da Diretoria Legislativa ou da Mesa
desta Casa que tenha sido feita de forma anti-regimental. Eu não disse...
(Som cortado conforme determinação da
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, V.
Exa. disse que à socapa foi colocado na Ordem do Dia, nos avulsos. Então, V.
Exa. deve corrigir os termos que usa, para que não haja má interpretação por
parte do público que nos assiste e das pessoas que nos ouvem.
O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
Ver. Isaac Ainhorn, eu peço a atenção de
V. Exa., já que vai um Vereador para a tribuna, e eu conheço o espírito de
Vossa Excelência. Saúdo-o, portanto. Por favor. Saúde e paz!
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, falo
em Tempo de Liderança, mas falo em meu nome. Li no jornal Correio do Povo
notícia da lavra do Ver. Sebastião Melo, a quem aguardei até agora no plenário,
mas ele não compareceu. Suponho que esteja afastado, porque estava adoentado. É
que S. Exa., em certos momentos, não mede o que diz. Com respeito a toda essa
andança de adere a Orestes Quércia ou não adere...
Sr. Presidente, V. Exa. quer mandar o
Ver. Isaac Ainhorn ficar em silêncio?
Este Plenário não é de sua posse. Vossa
Excelência fique quieto!
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, o
mínimo que se espera é que, quando há um orador na tribuna, os Vereadores que
não desejarem ouvi-lo saiam do plenário.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: O Ver. Isaac Ainhorn é useiro e vezeiro.
Vossa Excelência tem de exercer, na minha opinião... Conheço a capacidade de
bondade que V. Exa. tem, mas discordo, pois comando tem de ser exercido com
rigorismo, e qualquer Vereador que levanta a voz aqui, tem de baixar a voz,
porque aqui é um Plenário, não pode se dar o que está se dando.
Vossa Excelência está chegando, Ver.
Sebastião Melo, e foi bom chegar. O Ver. Sebastião Melo, de certa forma, foi
infeliz, disse ao jornal, no jornal Correio do Povo, está grifado. Ele
proclamou a respeito dessas andanças do Partido aderir ou não aderir a Orestes
Quércia, mudar de PMDB para MDB? Não tenho nada a ver com isso, mas V. Exa.,
repentinamente, voltou-se contra a ARENA, da qual fui Líder e Vice-Líder, e não
admito, de jeito algum, que alguém profane ou coloque em dúvida a nossa ARENA.
A ARENA do homem que me acompanha há 30 anos, que é o Dr. Lauro Balle,
advogado, que está, diariamente, me municiando sobre o que preciso votar, devo
votar ou não devo votar. E o que disse o Ver. Sebastião Melo? “Para voltar ao
MDB, o Partido precisaria expulsar Líderes como o Senador José Sarney e os que
tiveram ligações com a ARENA.”
Mas como? O que está fazendo o meu
Partido ajudando o Governador Rigotto? Pergunto ao meu Partido, vou endereçar
comunicação a ele hoje mesmo. O meu Partido não o pode seguir, então, quem é o
Líder do PMDB. Foi infeliz; Vossa Excelência foi infeliz!
Eu fui Líder da ARENA, com muita honra,
fui Vice-Líder da ARENA, com muita honra. Havia ordem neste Estado, havia
progresso, nunca tivemos o que se proporcionou na Nação, não vou me perder em
citar estes avanços. Eu apenas quero dizer ao Ver. Sebastião Melo que ele não
poderia dizer o que falou, de jeito algum, porque me ofendeu. Então, eu concito
os Secretários de Estado do meu Partido a que saiam do Governo. Vamos
“desapoiar” o Rigotto. Meu amigo, meu colega durante oito anos, mas, devido às
declarações do Ver. Melo, o que se espera? Todos aqueles que tiveram ligações
com a ARENA ele abomina. Ele abomina a ARENA, ele execra a ARENA, sei lá por
que, é um direito dele. Mas eu digo ao meu Partido: saia do Governo! Sou Líder
do PPB, do PP – mudou de sigla e de nome. Saia do Governo! Vamos, Bernardi,
saia do Governo, porque o líder do PMDB proclamou que quem tiver ligações com
homens da antiga ARENA... E de onde veio o meu Partido? O meu Partido já trocou
de nome por cinco vezes, mas não troco de lugar, fico no mesmo lugar. Vim da
ARENA para PDS, de PDS para PPR, de PPR para PPB, de PPB para PP e eu não saio
do lugar. Vossa Excelência execra a ARENA. Vossa Excelência não devia fazer
isso! Vossa Excelência criou uma incompatibilidade! Não admito, de jeito algum,
que alguém toque na minha ARENA, no meu PDS. Daí para cá os Partidos que
tiveram nomes e siglas... não tenho nada que ver com isso.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O seu tempo está
encerrado, nobre Vereador.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Só fui da ARENA e do PDS. Daí as coisas
se precipitaram, são os "maluf" da vida que fazem essas modificações.
Vossa Excelência foi muito infeliz, V. Exa. desprezou os seus aliados, é o que
se diz "fogo amigo", recebi “fogo amigo”. Repentinamente, quando
venho progredindo, recebo do lado direito, fogo que vinha da minha gente, e
fogo da minha gente não se justifica. Vou fazer correspondência como Líder do
PPB. Eu faço a notificação por mim, porque a coisa me tocou. Quando li isto
aqui, não acreditei. Mas como! “Um homem que está sendo apoiado!”, eu que
escrevi cem mil cartas, que decidi as eleições, praticamente, para o Rigotto,
que veio com o Mendes Ribeiro, e V. Exas. sabem que os meus amigos são meus
amigos. Está ali a Mônica, minha filha, fez a correspondência no mesmo dia, e o
Rigotto quase chorando, diante do apoio que eu estava lhe dando. Como é que V.
Exa., agora, abomina os homens da ARENA! Como!? Eu sou um homem da ARENA,
sempre fui. Sou um homem da Revolução, nunca escondi isso, todo mundo sabe!
“Fogo amigo” é o pior fogo que podemos receber. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, eu estava escutando os
debates com muita atenção e fiz questão de falar logo, para que a oposição,
nesta Casa, neste momento, tenha união, porque visualizei, no rosto dos
Vereadores do PT, a satisfação de verem a oposição brigar neste plenário. Senti
a satisfação do PT em ver a nossa briga, porque a oposição aqui sempre foi
unida e agora, Ver. Reginaldo Pujol, nós temos de ter muita calma. Não é o
momento de nos dispersarmos, porque já captaram dois Vereadores. Até pouco
tempo, dizia-se que havia uma dívida de setenta e cinco milhões e que não
poderiam colocar nenhum CC, que até estavam tirando, mas agora o PL vai assumir
funções no Governo Municipal. Então, eles já têm quatorze votos na Casa. Peço
aos nossos colegas de oposição que tenham calma neste momento, porque o que o
PT quer é que comecemos a brigar. Por isso, o PTB deixou bem claro na
segunda-feira e deixa claro novamente aqui hoje: não existe nenhuma
possibilidade de apoiarmos o PT para 2004, nem com Roberto Jefferson, nem com
José Carlos Martinez, esses que são execrados nacionalmente, até porque sempre
fomos oposição nesta Casa e devemos ter coerência para isso. Política faz-se
com coerência. O PTB também vai votar contra essa taxa camuflada de
Contribuição de Iluminação Pública, como votou da outra vez, Ver. Isaac
Ainhorn, nós fomos importantíssimos junto com outros Vereadores. Peço aos
colegas de oposição que não dêem esse prato para que eles possam nos separar,
usando outros argumentos que, às vezes, não têm capacidade de conseguir, até
porque nós sempre tivemos nesta Casa uma votação unânime contra aquilo que
venha a arrochar a população de Porto Alegre, com tributos, etc. Então, não é
neste momento que nós devemos nos dispersar; é neste momento que temos de ficar
mais unidos ainda para caminharmos para a eleição de 2004, cada um no seu
caminho, se for possível, quem não conseguir fazer coligação, mas não entrem
nessa provocação que favorece o PT. Portanto, peço aos colegas de oposição que
tenham paciência, o tempo da ARENA já passou, o tempo do MDB já passou. Agora,
há vários Partidos aí com outras siglas, nós temos de olhar para o futuro, e o
futuro, Ver. Isaac, é tirarmos o PT da Prefeitura, tirarmos com a população de Porto
Alegre, que não agüenta mais esse arrocho, que não agüenta mais o Orçamento
Participativo, que é um engodo, uma mentira. Há a prática do PT, hoje, de
oferecer cargos, mas onde está a coerência, a transparência que eles diziam
usar sempre, esse termo transparência? Então, peço que tenham calma, para que
possamos ganhar esta eleição. A população de Porto Alegre quer coisa nova; 15
anos, 16 anos já esgotou. A Saúde está quebrada; na Habitação, há invasões por
toda volta da Cidade; a EPTC só multa, não tem orçamento próprio, vive em cima
do orçamento das multas. Então, paciência meus colegas, vamos continuar unidos
nesta Casa, para que possamos defender a população de Porto Alegre contra o PT.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Prefeito João Verle
comunica, por meio de Ofício (nº 504/03), que estará ausente do Município das
16h30min do dia 29 do corrente mês até às 22h30min do dia 30 de agosto de 2003.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra
para discutir a Pauta.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também pela
TVCâmara, eu saúdo a todos. Há vários Projetos, hoje, na 1ª, na 2ª e na 3ª
Sessão de Pauta, mas quero me pronunciar a respeito de dois Projetos do nobre
colega desta Casa, Ver. Haroldo de Souza. O primeiro deles, em 1ª Sessão de
Pauta, é o PLL n.º 216/03, que autoriza o Executivo Municipal a realizar
consulta popular para decidir a localização ideal da Estátua do Laçador,
símbolo da Capital gaúcha. Confesso a V. Exa. que, mesmo quando eu não conhecia
Porto Alegre ainda, eu já tinha como referência a Estátua do Laçador. Grande
parte dos munícipes da nossa Cidade, pela história da Estátua do Laçador, têm
de participar do assunto sobre a sua mudança, não temos dúvida do que envolve
esse símbolo da cidade de Porto Alegre. Portanto, nada mais do que justo que o
Executivo Municipal realize uma consulta popular. A população tem de
participar, sim. Portanto, acho que a Casa, não só a Bancada do PDT, irá, de
uma forma unânime, votar favoravelmente ao Projeto do Ver. Haroldo de Souza.
O
Sr. Haroldo de Souza: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero, primeiramente, agradecer o seu apoio, mas quero voltar um
pouquinho ao passado. Tão logo eu entrei aqui, sabendo, por meio dos planos da
Prefeitura, que passaria um viaduto onde está a Estátua do Laçador, entrei com
um Projeto para retirar a Estátua daquele local, para fazer uma praça em frente
ao Aeroporto Internacional, que estava em construção, uma praça em frente ao
desembarque dos passageiros, e fui motivo de chacota das pessoas.
Acontece que, agora, o viaduto vai passar
por cima! Aqueles que eram contrários, dizendo que não se mexe em estátua, eu
gostaria que, agora, se apresentassem e dissessem: “Deixem a Estátua embaixo do
viaduto!”
O
SR. ERVINO BESSON: Não há dúvida, Vereador, o seu Projeto é
de extrema importância para a cidade de Porto Alegre, temos certeza de que a
população vai participar e vai dar total apoio.
O segundo Projeto, também do Ver. Haroldo
de Souza, que está em 3ª Sessão de Pauta, é o PLL n.º 217/03, também é nessa
linha. O que é que o Vereador quer? Uma consulta popular sobre a derrubada do
muro da Av. Mauá. Portanto, acho que esta Casa e a cidade de Porto Alegre sabem
por que foi construído esse muro.
Agora, nada mais do que justo, já que há
uma discussão, que se prolonga há vários anos, para a derrubada ou não do muro
da Av. Mauá. Portanto, a população tem de ser ouvida, sim, porque é um muro que
praticamente separa o rio da Cidade, da nossa Porto Alegre. Então, antes que
esta Casa, antes que alguns órgãos tomem uma decisão, a nossa população, o
nosso porto-alegrense, a nossa Cidade tem de participar, tem de opinar, porque
o muro da Av. Mauá, como a Estátua do Laçador, é de Porto Alegre, é da cidade
de Porto Alegre. Então, nada mais do que justo, meu caro Presidente, que a
cidade de Porto Alegre participe dessa decisão.
Mais uma vez, quero parabenizar o Ver.
Haroldo de Souza pela brilhante idéia desses dois Projetos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal
está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, como também as pessoas que estão em suas residências
ou em qualquer outro lugar nos assistindo pela TVCâmara - Canal 16 pela NET -,
venho à tribuna para comentar um assunto que, se for compreendido e combatido
por todos nós, vai acabar com muitos males existentes na sociedade, ou
diminuí-los. Há um Projeto de autoria deste Vereador, de nº 225/03, que trata
da proibição e divulgação da venda de produtos falsificados, pirateados ou
contrabandeados nos meios de comunicação. Os Srs. Vereadores e a sociedade
sabem que este Vereador trabalha muito no combate às drogas, à violência, à
prostituição, à venda de drogas. O que isso tem a ver com pirataria? Descobri
que tem tudo a ver. Eu imaginava, num tempo não muito distante, que, quando a
gente comprava um material de um camelô, algum produto, tinha aquele sentimento
de que, em fazendo isso, ajudaria uma pessoa desempregada, estaria colaborando,
contribuindo com aquele cidadão, que está desempregado, mas descobri que, por
trás de tudo isso, existe uma grande ramificação de contrabando, de cargas
roubadas, de prostituição, de contrabando de armas, de roubo, e assim por
diante. Então, comecei a me aprofundar nesse assunto e verificar que, no
mercado formal versus mercado
informal, na realidade, o mercado informal traz miséria, traz fome, traz
desemprego, patrocina o narcotráfico, a prostituição, o contrabando de armas,
porque isso tudo se interliga com o comércio informal por canais comunicantes.
O
Sr. Haroldo de Souza: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu só gostaria de saber, porque trabalho em
Comunicação, se o seu Projeto vai dizer de que maneira uma rádio ou uma
televisão vai saber se aquele produto é contrabandeado, se é pirateado para
poder não anunciar? Como é que isso vai ser feito?
O
SR. ELIAS VIDAL: Nós vamos discutir isso aqui.
O
Sr. Haroldo de Souza: De antemão - eu estou na Comunicação há
30 anos -, quero dizer ao senhor que não há jeito.
O
SR. ELIAS VIDAL: O.k.,
V. Exa. deve ser doutor, expert nisso
e acha que, porque está com 30 anos de trabalho em Comunicação, tem todo o
conhecimento e sabedoria.
Eu estou com os classificados de um
jornal - não vou dizer o nome do jornal - que diz o seguinte: “A Polícia
Federal adverte: pirataria ou comercialização de software sem pagamento dos direitos do autor implica prisão do
responsável.”
Eu não estou entrando no mérito da
questão, essa não é a minha “praia”, eu não sou policial!
Aqui há um CD vendido a um real, dois
reais. É obvio que é pirateado. Todo o mundo sabe o que é material pirateado.
Eu entendo que, se eu posso botar a propaganda de um material pirateado -
pirataria é roubo, é crime; está escrito aqui que é crime, é caso de prisão, é
caso de polícia -, então eu posso fazer a propaganda de um celular roubado, de
um carro roubado, de um relógio roubado. Porque é roubo!
Este assunto vai ser discutido, não vai
ser esgotado agora. Este Vereador entende que o mercado informal, a pirataria,
o contrabando que está havendo, cargas roubadas, tudo isso tem a ver com
prostituição, com venda de drogas, com uso de drogas.
Este Vereador entende que tem de
contribuir de alguma forma, porque educação, segurança e saúde vêm do dinheiro
formal, não do informal. O mercado informal é que gera a miséria, a quebra do
sistema. O Presidente Lula diz que estará injetando, até o final do ano, 47
bilhões de reais. Pode injetar 47 bilhões de reais, pode injetar 100 bilhões de
reais, mas, se caírem no mercado informal, a miséria vem, e não há nenhuma
reforma que salve o Brasil.
O comerciante paga as suas taxas, paga
empregados, luz, água. E, se o PT ainda aumentar a taxa de iluminação, a conta
aumentará muito mais, tudo será muito mais difícil para a sociedade. Um cidadão
que tem o seu comércio tem as suas implicações com leis trabalhistas; aí vem
alguém, faz o material todo pirateado, um material todo falsificado, e o autor,
o inventor daquele CD, daquele produto, vê uma réplica grosseira, que tem a sua
marca, ali, de forma roubada e pirateada.
Eu sou a favor, eu sou pelo certo nesse
aspecto; agora, como julgar se é certo ou errado não é comigo, eu só acho que
um veículo de comunicação não pode fazer propaganda de um material pirateado,
que está na cara que é pirateado, que é roubo! Então, vamos liberar logo, vamos
colocar que podemos fazer propaganda - “Fulana roubou um carro” - ou abrir uma
coluna para carros roubados, relógios roubados, CDs roubados? Pirataria é
roubo, é crime, está escrito! Se a Polícia Federal adverte que é caso de
cadeia, que é caso de prisão, é porque é errado, subentende-se que a coisa está
errada!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa pede socorro:
há uma assinatura aqui que a Mesa não consegue ler. (Pausa.) É do Ver. Luiz
Braz?
(Aparte regimental fora do microfone.
Inaudível.)
Mas não foi o Ver. Luiz Braz que
escreveu.
(Aparte anti-regimental.)
O Ver. Elias Vidal, segundo estou sendo
informado, foi quem inscreveu o Ver. Luiz Braz. É isso?
O
SR. DARCI CAMPANI (Questão de Ordem): Pelo bom ordenamento
dos trabalhos, se pegarmos as notas taquigráficas das 14h, vamos ver que a
Ver.ª Maria Celeste falou, inclusive, o nome dos Vereadores que estavam aqui.
Para assinar a inscrição o Vereador tem de vir ao plenário e assinar. A nossa
Ver.ª Maristela Maffei, como ela não estava presente no horário em que deveria
falar, foi prejudicada. Depois de encerradas as inscrições, houve alteração na
lista de inscritos com inversão de ordem. Então, a nossa Vereadora foi
prejudicada. Eu seria o próximo a falar depois do Ver. Luiz Braz. Às 14h, eu
estava aqui, enquanto alguns Vereadores não estavam. Então, a gente vai ter de
fazer de uma outra maneira, com uma outra metodologia para controle do livro.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Darci
Campani, cinco Vereadores são inscritos e podem discutir a Pauta. Estando todos
presentes, nada impede que dois troquem, dos cinco. Agora, não poderia trocar
com o sexto, com o sétimo ou com o oitavo.
A Mesa tem recebido sempre, e não é
novidade, que um Vereador que aqui esteja assine o nome dos Vereadores que
estão presentes. A Ver.ª Maristela Maffei assinou: Maffei. Foi ela mesma que
assinou, mas ela desistiu. Então, eu não tinha outra coisa a fazer a não ser
correr a seqüência. Eu consigo ler aqui o nome Luiz, mas não consigo ler o
sobrenome.
O
SR. DARCI CAMPANI: Porque tem um “l” e Braz, para mim, não
tem “l”. Está escrito “Brazil” ou outra coisa parecida.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tudo bem,
evidentemente não é a assinatura do Ver. Luiz Braz, que eu conheço. Alguém
escreveu o nome dele, o que tem sido permitido. Mas, se V. Exa. está pretendendo,
a partir de amanhã, nós poderemos pedir que cada um escreva o seu nome aqui,
porque não confiamos um no outro.
O
SR. DARCI CAMPANI: Não é questão de não-confiança, é
questão de seguir o Regimento. Nós temos sido muito rigorosos em determinados
momentos; em outros, não.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador,
evidentemente, eu agora não tenho me inscrito em Pauta, mas, em todas as
sessões do ano passado, eu me inscrevi em Pauta. Como eu ficava sentado lá,
pedia que alguém escrevesse o meu nome. Não tenho dúvidas quanto a isso; eu
acho que o Ver. Luiz Braz não estaria fraudando.
O
SR. DARCI CAMPANI (Questão de Ordem): Tranqüilamente!
Confiamos plenamente no Ver. Luiz Braz, mas temos de ter um pouco mais de
controle.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, até por uma questão de
respeito entre nós Vereadores, não se pode colocar em dúvida a inscrição, em
quinto lugar, do Ver. Luiz Braz, pessoa extremamente assídua e freqüente,
sempre impecavelmente aqui neste plenário. Se isso foi feito e se eventualmente...
O Ver. Luiz Braz pode não ter se inscrito, mas eu “ponho a minha mão no fogo”
de que ele estava aqui. E não só isso: acho uma indelicadeza; isso é uma
questão de berço, não é uma questão de regulamento. Foi uma grosseria feita por
um colega...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não, não, Vereador!
Isso não enriquece o debate, não!
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu acho que isso aí o Ver. Luiz Braz não
merece.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Agradeço a Vossa
Excelência.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Eu quero comungar com
parcela daquilo que o Ver. Cláudio Sebenelo disse, de que o Ver. Luiz Braz é um
daqueles que sempre comparece cedo à Sessão, dando quórum já no início, e busca
participar sempre dos debates, sempre com muita correção. Esse problema, da
inscrição na Pauta, Presidente, é um problema que perpassou outras
Legislaturas. Não é o caso desta Legislatura, quando isso tem funcionado bem. E
V. Exa. colocou, de forma adequada, quando disse que dos cinco que chegam
primeiro é possível trocar a ordem, com o que nós comungamos e é absolutamente
justo. Seria penalizar quem chega primeiro, se ele tivesse que se inscrever
para o primeiro lugar. Ele pode querer ficar em quinto lugar para poder fazer o
debate.
Eu consultaria V. Exa., sem prejudicar o
debate do Ver. Luiz Braz, e para evitar qualquer inconformidade, se poderia nos
dizer qual foi a ordem colocada e quais são os suplentes. Mas eu acho que nós
não devemos prolongar este debate, porque isso é uma coisa que vem funcionando
bem, e eventual problema de interpretação não deve prejudicar um artigo que
funciona muito bem e que ordenou os nossos trabalhos. Apenas solicito a V. Exa.
que leia os nomes dos inscritos.
O SR. PRESIDENTE (João
Antonio Dib): Foram inscritos, em primeiro lugar, o Ver.
Renato Guimarães, que falou; a Ver.ª Maristela Maffei, que desistiu; a Ver.ª
Margarete Moraes, que falou; o Ver. Elias Vidal e o Ver. Ervino Besson, que
permutaram; e o seguinte é o Ver. Luiz Braz.
O SR. JUAREZ PINHEIRO:
O Ver. Luiz Braz é o sexto?
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Na seqüência, seria o
Ver. Darci Campani, por isso, talvez, ele se sinta injustiçado. Mas eu gostaria
de mostrar à Casa a inscrição na Pauta de segunda-feira, para ver se
corresponde à assinatura de algum Vereador e se há alguma dúvida. (Mostra o
documento.) Praticamente a mesma pessoa assinalou: Ver.ª Clênia, Ver. Reginaldo
Pujol, Ver. Zé Valdir, Ver. João Carlos Nedel – esta é a assinatura do Ver.
Nedel, imagino que as outras anotações sejam dele; Ver.ª Maria Celeste, Ver.
Renato Guimarães e Ver. Luiz Braz. Não existe diferença, e acho que nós estamos
criando um problema sem nenhuma necessidade. Mas, se for necessário, a partir
de amanhã, exijo que cada um faça o registro.
O
SR. DARCI CAMPANI: Eu não quero realmente prolongar a
discussão. Não tenho nada em relação à fala do Ver. Cláudio Sebenelo. Não vim
aqui criticar o Ver. Luiz Braz, nem questionar a sua honra, muito antes pelo
contrário. Temos um ótimo relacionamento com o Ver. Luiz Braz. Eu estava
questionando o controle da assinatura, porque realmente o Presidente não pode
estar aí 24 horas por dia. O livro às vezes é deixado... Objetivamente, se
pegarmos as notas taquigráficas, poderemos ver que alguns Vereadores que
falaram em Pauta não estavam, às 14 horas, neste plenário para dar quórum para
a abertura dos trabalhos. Talvez seja necessária alguma alteração no Regimento.
Sei que não é descontrole da Presidência. Talvez o nosso Regimento tenha de ser
melhorado.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, V.
Exa. não falou mal do Ver. Luiz Braz. V. Exa. colocou dúvidas sobre a Mesa.
Enquanto isso, o Ver. Luiz Braz vai podendo melhorar o seu pensamento.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, depois desses brilhantes
esclarecimentos, nada mais há a fazer.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. LUIZ BRAZ: Presidente João Antonio Dib, eu começo
elogiando Vossa Excelência. O senhor fez uma declaração, dando ciência de uma
decisão da Mesa, hoje pela manhã, de que será prestada uma homenagem, na Semana
da Consciência Negra, à atleta Daiane dos Santos. Isso já é um pontapé inicial
para que os negros da Casa possam – todos eles reunidos – começar a pensar e a
traçar estratégias para que possamos fazer neste ano, realmente, uma grande
Semana da Consciência Negra. Assim como já aconteceu em outros anos no passado.
Mas, agora que posso falar, quero aqui
homenagear o meu amigo Haroldo de Souza. Eu acho que o Ver. Haroldo de Souza
está, de alguma forma, estabelecendo uma estratégia junto com o Partido dos
Trabalhadores, mas para melhorar a performance do Partido dos Trabalhadores. O
PT, durante muito tempo, falou em participação popular e tentou praticar a tal
de participação popular, mas de uma forma muito ruim, no meu modo de entender.
O modo de participação popular da Administração petista era um modo totalmente
excludente, só podiam participar, com direito realmente à opinião, algumas
pessoas muito ligadas ao Partido dos Trabalhadores, esses podiam realmente
opinar, essa era a participação popular feita pelo PT.
O Ver. Haroldo de Souza, eu acredito que
em dois Projetos que estão aqui na Pauta, dá um certo ensinamento para o PT e,
quem sabe, dá oportunidade para o PT se redimir da má participação popular do
passado. O Ver. Haroldo de Souza, em dois Projetos, dá oportunidade para que a
Administração, Ver. Juarez Pinheiro, possa consultar toda a população a
respeito de duas questões importantes em nossa Cidade. Uma delas é a
localização ideal da Estátua do Laçador, símbolo da Capital gaúcha. O Ver.
Haroldo de Souza pede que seja também por meio de uma consulta popular. Uma
outra consulta popular que o Vereador Haroldo de Souza pede que seja realizada
– e essa é uma discussão mais antiga - diz respeito à derrubada ou não do muro
da Av. Mauá.
Acho que esses dois Projetos do Ver. Haroldo de Souza sobre
consulta popular são para consultar de fato, para consultar mesmo, para ouvir
todos os segmentos da população, para fazer exatamente aquilo que agora o
Governo do Estado conseguiu fazer consultando todos os setores da sociedade,
para que nós pudéssemos realmente saber onde seriam aplicados os recursos
públicos. No caso do Orçamento, eu acho que agora o Governo do Estado ditou as
normas de como deve ser uma consulta popular. O Ver. Haroldo, claro que não
mais na área do Orçamento público, mas na da ação administrativa ou de como
deve agir uma administração pública, está aconselhando por meio de dois
Projetos de Lei, e tem o nosso voto. São dois Projetos de Lei, dizendo
exatamente que as decisões dos homens públicos devem ser feitas após uma
consulta popular, porque, se não houver a consulta popular, a decisão acaba
sendo como aquelas decisões tomadas no passado pelo Partido dos Trabalhadores,
quando estava encenando aquele tal de Orçamento Participativo. Faz de conta que
consulta a população, mas na verdade não consulta. Faz de conta que as pessoas
estão opinando, mas na verdade não quer ouvir ninguém, porque as decisões já
estão tomadas, elas já são de Gabinete. Quero cumprimentar meu amigo Haroldo,
assim como já cumprimentei o Governo do Estado, pelas verdadeiras consultas
populares.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Está encerrado o
período de Pauta.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, colegas Vereadores e
colegas Vereadoras, eu escutei, em parte, o pronunciamento do Ver. Isaac
Ainhorn desta tribuna. Ver. Isaac Ainhorn, nós queremos nos somar a essa sua
preocupação. Onde o PT administra, o imposto é mais alto: mais taxas, mais
cobranças e, geralmente, cobram dos pequenos, porque, com os grandes, eles
andam de mãos dadas! A “banqueirada” navega no Paço Municipal com
tranqüilidade!
Agora, vejam o que aconteceu. Durante
quatro anos, o PT negou-se a discutir qualquer política de aliança para
oferecer uma Vice-Prefeitura para qualquer outro Partido. Eu disse, no jornal e
num debate na rádio, que o que aconteceu, na oficialização dessa aliança aqui
na Câmara, Ver. Dr. Goulart, não é nenhuma novidade, porque os nossos
representantes da Igreja Universal, desde o nascedouro dos seus mandatos,
carimbaram os Projetos do Executivo, nesta Casa, com louvor. Às vezes,
divergiam sobre nome de rua, nome de praça, mas, no essencial, votaram com o
Governo. Portanto, eu achei que foi um mau negócio do PT, porque eu achava que
eles votavam tudo sem cargos e, agora, ofereceram 16 cargos e mais alguns
alvarás. Mas isso tem dois objetivos básicos, isso nós precisamos dizer.
O primeiro deles... Vejam
a estripulia no plenário da Bancada governista, seguidores do Fernando
Henrique, eles ficam loucos, a Bancada seguidora do Fernando Henrique fica
louca, quando eu venho para a tribuna. Eles têm dois objetivos básicos, Ver.
Isaac Ainhorn. Primeiro, eles querem construir uma base aqui na Câmara de 17
votos, razão pela qual, de uma hora para outra, houve um despacho no final da
tarde, e incluíram a taxa de Contribuição de Iluminação Pública na Ordem do
Dia: “Nós temos 14 votos, sentamos com a bancada ‘A’, com a bancada ‘B’, vamos
ter os 17 votos e aprovar a taxa”. Não, vamos “devagar com o andor que o santo
é de barro”! Vossa Excelência tem razão, nós vamos construir um painel
democrático na Esquina Democrática e no Paço Municipal, no paço da igreja, no
paço “igrejeiro”, não é? Aquele Paço ali que vai ser uma divisão da Igreja
Universal com a Prefeitura de Porto Alegre. Nós vamos construir um painel ali,
um painel daqueles defensores do aumento de impostos em Porto Alegre, daqueles
que querem aumentar o IPTU, daqueles que querem incluir os novos serviços do
ISS, um Projeto que veio para esta Casa, daqueles que vão mandar para esta
Casa, Ver. Isaac, um aumento de 11% da taxa dos previdenciários, dos
municipários, que, logo em seguida, estará nesta Casa. Então, queremos dizer
que nós achamos que a Frente Popular, primeiro, não precisava ter feito
aliança, porque tinha os votos sempre dos dois representantes aqui nesta Casa,
figuras que nós respeitamos muito. Eu vi duas matérias no jornal. O Ver. Valdir
Caetano disse que não sabia do acordo, mas, com certeza, vai nos esclarecer
aqui. Eu não preciso de nenhum esclarecimento. Agora, eu só tenho uma pergunta:
o acordo foi por cargo ou não foi por cargo? O acordo foi ideológico ou foi por
cargo?
(Apartes anti-regimentais.)
Olha, o representante albanês também se
insurgiu. Não, o povo quer saber. Esse acordo é um acordo ideológico ou é um
acordo “carguista”? Aliás, já tinha um precedente, aqui nesta Casa; fizeram
acordo por cargo aqui para eleger a Mesa, já está tudo legal e regimental.
(Apartes anti-regimentais.)
Mas era menor. Por isso nós queremos
aqui, Ver. Isaac, finalizando, dizer que precisamos daqueles companheiros
verdadeiros oposicionistas, que foram eleitos para poder fiscalizar, dar uma
brecada de uma vez por todas nesta sanha arrecadatória da Prefeitura, que não
quer devolver serviço e quer aumentar impostos cada vez mais. Por isso, nós
cerraremos fileiras nesta aliança. Além de aumentarem impostos, mostram o
desespero eleitoral de alguém que sabe que vai perder a eleição no ano que vem.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solicito ao Plenário
um pouco de atenção aos oradores da tribuna e peço que não ocorram apartes
anti-regimentais.
O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
muito tempo existe uma profunda necessidade no País de uma reforma política.
Essa reforma política está baseada no péssimo conceito que o político brasileiro
goza junto à opinião pública, e isso é indisfarçável.
Mas como melhorar a imagem do político,
se os monopolistas da decência e da transparência produzem aquela foto de
ontem, no jornal Correio do Povo, do Prefeito abraçando dois Vereadores desta
Câmara, de ideologia absolutamente antagônica à ideologia do Paço Municipal? O
problema não é a foto. É a foto mais o conteúdo de uma notícia extremamente
desagradável. Não são os 15 cargos, ou os 33 “dinheiros”; o grande problema
para nós não é a foto e o conteúdo, mas a seqüência. É hoje colocarem na Pauta
um aumento e uma nova taxa de Contribuição de Iluminação Pública. Então, somem
esses fatos e vocês verão o que se chama despudor, desfaçatez, cara-de-pau. Não
é por nada que, acompanhando a perda do discurso, agora, se acompanha a perda
da vergonha. E isso vai ter uma profunda repercussão no eleitorado de Porto
Alegre. Esse tipo de postura, essa verdadeira indecência que está-se fazendo
nesta seqüência, a foto, a promiscuidade da foto, com a notícia e o envio de
uma mensagem a esta Câmara de que hoje temos de votar a taxa de Contribuição de
Iluminação Pública.
Peço à população de Porto Alegre que
aguardem, porque outras cooptações podem vir e, o que é muito pior, outros
impostos virão para ser aprovados pela Casa. E, com a voracidade dessa
repartição arrecadadora em que se transformou a Prefeitura Municipal, o
porto-alegrense tem de conviver. Mas ele sabe, a resposta vai vir e vai vir
catastrófica para os atuais ocupantes do Paço Municipal, que ultrapassaram
todas as barreiras da decência. Eles estão agora fazendo tudo o que condenaram
a vida inteira na política, que precisa mudar, e farisaicamente, da forma mais
deprimente e constrangedora, fazem esse tipo de cooptação, que eles mesmos
criticavam, de que “é dando que se recebe”. Pois é exatamente isso o que está
acontecendo. Por isso, hoje, a população de Porto Alegre está começando a ter
consciência de com quem está lidando.
Nós não aceitamos mais, em hipótese
alguma, esse tipo de conduta política. É preciso, urgente, haver uma reforma na
política, mas a reforma das falsas “cassandras”, que diziam que eram os
paladinos da decência, da honestidade, da transparência e, na calada da noite,
fazem exatamente o “façam o que eu digo, mas nunca o que eu faço”. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Valdir Caetano
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
Chamo a atenção do Plenário, ainda que
desnecessário, para que haja atenção ao orador na tribuna e para que não se
façam apartes anti-regimentais, nem observações de qualquer forma.
O
SR. VALDIR CAETANO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, eu quero voltar um pouco no tempo, ao episódio em que nós
montávamos a Bancada do Partido Liberal nesta Casa. Nós fomos criticados por
alguns Vereadores que fizeram desta tribuna - com desrespeito a todos os
porto-alegrenses e todo o povo gaúcho – um picadeiro. Vereadores que batiam no
peito e diziam: “Desta água eu não bebo”. Beberam e continuam bebendo. Trocam de
Partido como se troca de calça.
Eu nunca usei esta tribuna, Sr.
Presidente, pois tenho respeito aos 11 mil eleitores os quais me deram o seu
aval para que eu fosse Vereador desta Cidade.
Nós temos, aqui, algumas matérias no
jornal, inclusive na coluna do Sr. Barrionuevo, onde diz: (Lê.) “PMDB alega que
foi descartado pelo PT.” O que será que o PMDB está querendo com o PT? Será que
não é alguma Secretaria, algum Ministério, alguma coisa? Eu não sei o que é
isso! (Lê.) “PMDB terá Ministério até o fim do ano”, diz Dulce.
Qual é o Partido que está de chapéu na
mão pedindo pelo amor de Deus para que o PT venha a dar um Ministério para
eles? Qual o Partido que vive dia e noite implorando um Ministério para
trabalhar? Para fazer o quê?
Eu não estou dizendo que o PMDB quer um
Ministério com vaguinhas, não! O PMDB quer um Ministério para poder mostrar um
trabalho. É justamente isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, senhoras e
senhores que estão aqui hoje, nesta tarde, que nos ouvem, que nos vêem pela
TVCâmara, tudo que o Partido Liberal quer é uma oportunidade de mostrar um
trabalho que pode ser feito.
Eu quero dizer ao Ver. Sebastião Melo que
ele não está tratando com qualquer coisa, não; está tratando de um Partido que
governa Porto Alegre há 15 anos, e, se governa Porto Alegre há 15 anos, é
porque alguma coisa de bom tem para isso tudo. (Palmas.) Está falando também de
um Partido ...
(Apartes anti-regimentais.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Atenção no plenário,
por favor, há um orador na tribuna, e peço a atenção do Plenário. Há um orador
na tribuna, e não são permitidos apartes anti-regimentais. Acho que, por uma
questão de coleguismo, de ética, de educação, ele deve ser ouvido.
O
SR. VALDIR CAETANO: O Ver. Sebastião Melo está falando num
Partido que governa Porto Alegre há 15 anos, está falando num Partido que tem o
Presidente da República, está falando num Partido que tem o Vice-Presidente da
República, o Partido que mais cresce no momento, enquanto que o seu Partido se
definha em todo o Brasil. Então, que V. Exa. tenha um pouco de respeito. Agora,
quanto à questão da Igreja Universal do Reino de Deus, que V. Exa. lave a sua
boca antes de falar dela, está bom!? Muito obrigado e desculpem, porque jamais
eu gostaria de usar esta tribuna da forma como estou usando no dia de hoje, mas
há Vereadores nesta Casa que fazem desta tribuna um picadeiro, infelizmente. Há
Vereadores que estão apavorados, que estão dando tiro para todos os lados,
porque o seu Partido está definhando, não tem mais aqueles Vereadores puxadores
e de votos para a legenda, então têm de estar fazendo esse tipo de palhaçada
nesta Casa. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. SEBATIÃO MELLO (Requerimento): Sr. Presidente, eu
quero fazer dois requerimentos. O primeiro, quero saber se a Mesa foi
informada, porque, pela manifestação do Ver. Valdir Caetano, parece que ele
mudou de Partido, foi para o PT. Ele já comunicou à Mesa sobre isso? O segundo
é que nós queremos requerer todas as Atas da reunião da Presidência da Mesa, desta
gestão que V. Exa. preside, para saber quem tem participado das reuniões.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, eu
posso responder desde logo a V. Exa. de que não há nenhuma comunicação de troca
de Partido na Casa. E, se V. Exa. deseja saber quantas vezes a Mesa reuniu-se e
se todos os representantes compareceram, informo que, em quase que todas as
reuniões, há unanimidade de presença. De qualquer forma, eu concedo a V. Exa.
cópia de todas as Atas em momento oportuno.
O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela
TVCâmara, muito especialmente o Ver. Valdir Caetano e Ver. Almerindo Filho.
Engraçado, não é? A população, quem sabe, não percebe a política. Quando o Ver.
Sebastião Melo e outros Partidos daqui tinham o apoio do PL ao Governo do
Estado - Ver. Cláudio Sebenelo, que fez questão de ser descortês e desrespeitoso não só com as pessoas,
com o PL, com o PSL, mas também com a Igreja Universal e todo mundo que
encontrou pela frente, e o Vice-Governador é do seu Partido -, então esse
Partido era perfeito, de boas pessoas, Partido sério, agora, quando perderam o
apoio do PL, atacam da forma mais rebaixada que se pode ter notícia.
Nós já tivemos o apoio do PL em 2000, mas houve um momento em que
o PL não nos apoiou e nós soubemos respeitar democraticamente a posição do
Partido Liberal. Nunca os atacamos pessoalmente ou a sua religião, ao seu
Partido. Agora que a Frente Popular retoma a relação com o Partido Liberal aqui
em Porto Alegre, porque temos uma relação sólida de construção da transformação
deste País junto com o Governo Lula, aí o PL é atacado, aí falam de cargos.
Quem sabe o PDT quer falar de cargos, que pegou a Secretaria de Educação no
Governo Rigotto? Quem sabe o PSDB quer falar de cargos, que pegou uma série de
Secretarias no Governo Rigotto? Um Partido que participa de um Governo assume
cargos, cargos políticos, por participar de uma gestão, assim como no Governo
Rigotto, assim como no Governo Lula, assim como na Frente Popular: o PSB
participa, o PCdoB participa, o PCB participa, o PV participa e o PT participa,
e agora participam o PL e o PSL, sim, senhor, sim, senhor! Porque, o Governo
Rigotto, que fez a maior aliança conservadora deste Estado, deu cargo para
todos e o fez, pois esses Partidos têm de participar do Governo, ou já se viu
Partido participando de Governo sem assumir cargo nenhum? Então, não participa.
A aliança com o Partido Liberal e o Partido Social Liberal demonstra não só o
crescimento da Frente Popular em Porto Alegre, o apoio da população à Frente
Popular, mas também a ampliação de alianças e da base social que sustentam a
Administração Popular.
O desespero de alguns Vereadores e alguns
Partidos é que terão de conviver com mais quatro anos de Administração Popular,
porque vamos reeleger esse projeto em Porto Alegre, projeto vitorioso, que é
representação mundial de gestão pública com participação popular, que
transformou Porto Alegre. Cinqüenta e três por cento da população...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu suspendo o tempo de
Vossa Excelência. Srs. Vereadores, eu peço a atenção de Vossas Excelências. Por
favor! O orador, na tribuna, deve ser respeitado. É o Regimento que diz, não é
o Presidente. Ver. Juarez Pinheiro, por favor! Eu estou pedindo a todos os
Vereadores que deixem o orador, na tribuna, se manifestar com liberdade, como
se faz num Parlamento. Parlamento é sinônimo de liberdade.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Valdir Caetano, 53% da população
apóia esta Administração com conceitos “ótimo” e “bom”, segundo as nossas
pesquisas. Esta população reconhece este projeto, que investiu um bilhão 870
milhões de reais em educação, saúde e habitação, que transformou Porto Alegre e
a fez referência mundial. Ver. Valdir Caetano, é esta Cidade que vai eleger a
Frente Popular pela quinta vez, vai eleger o PL para administrar esta Cidade, o
PSL para administrar esta Cidade. Ver. Valdir Caetano, não se intimide com a
palavra do Ver. Sebastião Melo, que foi lá cooptar o Capitão Medina, a troco de
cargo, para votar no Governo Rigotto. Depois ele vem pregar moral aqui dentro!
Isto é o PMDB, que antes tratava V. Exa. com respeito, porque tinha o seu
apoio. Nós, mesmo quando perdemos o seu apoio, tratamos V. Exa. com respeito e
soubemos construir novamente essa relação e estamos aqui juntos.
Quero encerrar, Ver. Valdir Caetano e
Ver. Almerindo Filho, com a frase que os senhores disseram a respeito da
participação no Governo: “Nós estamos juntos”, Ver. Valdir Caetano, “não pelas
próximas eleições, mas pelas próximas gerações”. Essa frase é sua, e nós vamos
fazer isso com a cidade de Porto Alegre.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. HAROLDO DE SOUZA (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
eu só queria fazer uma pergunta, porque sou novo, só estou aqui há dois anos e
meio: nós somos pagos para trabalhar pela cidade de Porto Alegre ou para
debates políticos, partidários e discursos políticos? O povo nos elegeu para
isso? Eu gostaria de saber.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Haroldo de
Souza, o debate político é uma forma de construir a cidadania e é uma forma de
resolver os problemas. E o Parlamento deve-se prestar, sem dúvida nenhuma, para
o debate político. Agora, debate político, digo a V. Exa., deve ser feito com
educação, com seriedade, com responsabilidade e com respeito, e, às vezes, isso
não acontece. Portanto, a preocupação de V. Exa. tem até alguma razão.
Eu reitero o pedido ao Plenário de atenção
aos Vereadores na tribuna.
O Parlamento é, sem dúvida nenhuma,
debate; debate com educação, é troca de idéias, são idéias diferentes, mas... O
Ver. Isaac Ainhorn lembra-me de que o Presidente preside. Conforme disse o
pensador, não sei se foi Pinheiro Machado, que disse: “Discordo do que você
diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.
E eu preciso lembrar ao Plenário, aos
mal-educados do Plenário, como o Ver. Isaac Ainhorn, que precisa haver
respeito.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente...
(Som cortado, conforme determinação da
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h20min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 16h21min): Estão
reabertos os trabalhos.
O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. João Antonio Dib, Presidente
desta Casa; demais Vereadores e Vereadoras, todos os que nos assistem aqui e
também nas suas casas, neste tempo de Comunicação de Líder do PCdoB, eu quero,
em primeiro lugar, manifestar a nossa solidariedade aos Vereadores Valdir
Caetano e Almerindo Filho, ao Partido Liberal, que tem um integrante seu eleito
como Vice-Presidente desta República, inclusive, com a Igreja Universal, que
foi agredida nesta tribuna por pronunciamentos descabidos. Realmente, nós não
fomos eleitos para esse tipo de agressão. O Ver. Valdir Caetano teve uma
expressiva votação nesta Cidade com mais de 11 mil votos e para o Senado da
República fez mais de 210 mil votos e, com muita honra para o PCdoB, para a
Frente Popular, para a Administração Popular, passa a ser um companheiro nesta
caminhada, não atrás de cargos, como alguns Partidos falam aqui - talvez porque
suas políticas sejam baseadas nesse tipo de questão -, mas, como V. Exa. muito
bem colocou aqui, Ver. Valdir Caetano, há o interesse em contribuir para a
continuidade de um Governo que não é perfeito, mas que é uma referência
nacional e internacional. Quero dizer que o PCdoB manteve diversas conversações
com o PL para discutir os problemas da Cidade e toda a contribuição que o PL
possa dar. Eu estranho que Vereadores de Partidos que levantaram essa polêmica
aqui depois vieram contestar o direito dos demais Partidos se manifestarem
sobre o problema. O que vejo aqui são atitudes um tanto desesperadas de
Partidos que apostavam ou sonhavam em, nas próximas eleições, quem sabe, jogar
algum papel e que percebem o fortalecimento da Frente Popular. Portanto, o
desespero parece que está batendo e não é no campo da Frente Popular. Aliás,
Ver. Juarez Pinheiro, parece também que as pesquisas de opinião nacional estão
fazendo bater o desespero, porque o que está-se vendo é o Governo do
companheiro Lula obter a apreciação, vê-se a aprovação popular crescendo e o
número dos que discordam, diminuindo. Governo que, com todas as dificuldades do
País, está enfrentando os problemas nacionais.
Então, Ver. Valdir Caetano, eu sei que V.
Exa. é um homem de não se atemorizar com as críticas do desespero, seja
bem-vindo na Bancada da Frente Popular, seja bem-vindo na Administração
Popular, V. Exa., o Ver. Almerindo Filho, que, certamente, muito terão a
contribuir para o avanço desta Cidade.
Num segundo momento, queria dizer também
da satisfação do PCdoB pela aprovação do Estatuto do Idoso, aprovado na Câmara,
no dia 22, por unanimidade, de autoria do Senador Paulo Paim - e, aliás, esta
Casa, por nossa iniciativa, aprovou o Prêmio Quilombo dos Palmares -, que irá
beneficiar 16 milhões de brasileiros. Esse Estatuto do Idoso estabelece
direitos reais para as pessoas com mais de 60 anos no campo da saúde, da
educação, da seguridade social, do lazer, do transporte. Ele proíbe a cobrança
de valores diferenciados nos planos de saúde; permite transporte coletivo
urbano interestadual gratuito; desconto de 50% em cinemas e teatros; tratamento
preferencial na Justiça e até a criação de universidades voltadas para os
idosos. Para concluir, Sr. Presidente, permite a redução de 67 para 65 anos, no
que se refere à idade que o idoso carente necessitará ter para poder receber do
Estado uma renda de um salário mínimo. Então, fica o registro aqui, desta
tribuna, do apoio do PCdoB, do júbilo do PCdoB, pela importância desse Estatuto
aprovado no Congresso Nacional. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Almerindo Filho
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Elói
Guimarães; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, eu vou falar um pouco sobre o
que falei no dia em que o Partido Social Liberal fez a aliança com o Partido
dos Trabalhadores. Havia duas coisas - e este Plenário é prova disso, de uma
das coisas - predominantes do meu pensamento em relação ao Partido dos
Trabalhadores; uma era aquele, talvez, radicalismo que existia, mas essa porta
foi aberta no Governo Federal, quando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
flexibilizou e fez aliança com o Partido Liberal, com o PTB, com o PMDB. Eu
creio que todos os Partidos fazem aliança política. Até, hoje, eu vi uma
matéria do PMDB dizendo que vai fazer uma aliança com o Governo Federal, com o
Ministério, com a Secretaria. Outro fator predominante, que foi o que me levou
a fazer uma aliança com o Partido dos Trabalhadores, foi a sua união política,
a sua união partidária, o que muitas vezes não existe na oposição desta Casa,
pois a maioria, ou alguns, infelizmente – aliás, eu me dou bem com a maioria da
oposição -, “puxam a brasa para o seu assado”, tornando-se um bloco dividido.
Eu tenho muitos conhecidos na oposição e quero dizer uma coisa para todos os
Vereadores: tanto eu como o Pastor Valdir somos pastores da Igreja Universal do
Reino de Deus, e, se você não conhece a Igreja Universal do Reino de Deus, você
não tem como falar da Igreja. Podem ter certeza de que eu e o Pastor Valdir -
ele me falou agora -, nos próximos informativos, vamos colocar para 30 mil, 35
mil pessoas que alguns Vereadores deveriam, até por uma democracia, falar de
mim e do Pastor Valdir, mas não falar da Igreja Universal do Reino de Deus.
(Aparte anti-regimental.)
Eu não vou citar nomes, porque – eu não
estava aqui – todo mundo viu, mas no informativo eu vou dizer o nome do
Vereador, cujo Partido - desse Vereador - está-se aliando ao Partido dos
Trabalhadores nacionalmente.
Então, a política é isto, meus Vereadores
e minhas Vereadoras, meus colegas de trabalho, a política é feita de alianças.
E quem abriu a porta para o Partido Social Liberal foi o Partido dos
Trabalhadores. Então, é isso que eu quero dizer a vocês. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, o tema hoje enfocado, aqui na Casa, pelas diversas Lideranças é,
especificamente, a política de alianças. E dentro desse espírito da política de
alianças é que o PSB, nos últimos meses, apresentou um nome para ser discutido
pela Frente Popular, o nome do Deputado Federal Beto Albuquerque. E, ao mesmo
tempo, também não esconde, dentro dessa questão da política de alianças, que
tem conversado com outros Partidos. O PSB, recentemente, já falou com o próprio
PTB, do Ver. Cassiá Carpes; conversou com o Partido Verde; conversou com o
Partido Comunista Brasileiro, porque entende que a política de alianças é feita
dessa forma. Ao mesmo tempo, o PSB quer mostrar à população que tem um nome, um
nome que está posto, quer discutir com a Frente Popular, com o Partido dos
Trabalhadores, quer discutir com o Partido Comunista do Brasil e espera que
analisem o nome do Deputado Federal Beto Albuquerque como uma possibilidade
concreta de ele vir, no próximo ano, a assumir a Prefeitura de Porto Alegre.
Então, é importante, cada vez mais, discutirmos essa questão da política de
alianças. E é por isso que é importante. Claro que o Partido tem o seu norte e
procura definir as suas alianças com determinados Partidos, não está aberto
para qualquer Partido, mas nós colocamos que já fizemos contato com alguns
Partidos. Então, é importante, cada vez mais, a população saber, e isso vai
ficar cada vez mais acirrado aqui na Casa, porque nós estamos nos aproximando
de um período eleitoral, faltam exatamente treze meses para que a população da
Cidade conheça quem será o novo Prefeito de Porto Alegre. E é em cima disso que
o PSB quer discutir. Quer discutir, sim, a apreciação do nome do candidato que
nós lançamos, o Deputado Beto Albuquerque, que fez 126 mil votos. E essa
discussão nós queremos fazer. Cada Partido deve postular. Mas eu volto a dizer
que já tivemos algumas reuniões e eu vou citar, novamente, os Partidos: com o
PTB, do Ver. Cassiá Carpes; já tivemos reuniões com o Partido Comunista
Brasileiro; tivemos reunião com o Partido Verde; tivemos reunião com o PTN. E,
na realidade, nós estamos mostrando o que é que o PSB pretende. Queremos
construir uma política de alianças, mas, antes de tudo, criar uma política
programática que mostre no que é que se quer avançar em Porto Alegre.
Sabemos que em Porto Alegre – e fez muito
em quatro gestões – o PSB teve a oportunidade de, nessas quatro gestões, estar
em três mandatos na Frente Popular. Nós queremos aprimorar, e é por isso que
queremos discutir com o Partido dos Trabalhadores, mas estamos apresentando um
nome. Os indicativos estão evoluindo, porque, até então, durante esses quatro
mandatos, o Partido dos Trabalhadores indicou o candidato a Prefeito e a
Vice-Prefeito. Nós queremos, agora, lançar um nome. Por que não um candidato do
PT ser Vice-Prefeito da Frente Popular com Beto Albuquerque assumindo? É essa
discussão que nós queremos fazer.
Mas eu volto a dizer que, daqui para a
frente, são treze meses, esse movimento vai ficar cada vez mais acirrado. E é
importante que, aqui nesta Casa, que é uma Casa essencialmente de discussão
política, onde há divergência, onde o contraditório é feito, cada vez mais
dialoguemos e multipliquemos.
(Aparte anti-regimental do Ver. Cláudio
Sebenelo.)
Vereador, eu não posso lhe dar um aparte,
mas sei que V. Exa. gostaria. Talvez, o seu Partido, futuramente, deva
apresentar o candidato. Vossa Excelência ocupe esta tribuna e diga de maneira
clara e cristalina como eu estou fazendo. Não vou entrar na sua provocação,
porque eu não vou lhe dar esse palanque que V. Exa. merece quando ocupar a
tribuna, mas não neste momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo
Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu fico
extremamente feliz que estejam presentes no plenário, neste momento, os
Vereadores Valdir Caetano e Almerindo Filho, especialmente este, eis que ontem,
quando eu me manifestei aqui da tribuna, citei nominalmente o Ver. Almerindo
Filho e lamentei que ele não estivesse presente. Eu quero deixar muito claro
que as coisas que eu digo aqui na tribuna eu posso dizer em qualquer local. Eu
ouvi com atenção alguns pronunciamentos e, inclusive, alguns no sentido de que
as oposições aqui na Casa estariam intranqüilas, nervosas, diante dos
acontecimentos. Eu quero deixar muito claro que o Partido da Frente Liberal não
tem por que ficar nervoso nem intranqüilo. Nós temos uma posição muito clara de
Norte a Sul do País: nós somos oposição ao Governo do Sr. Luiz Inácio Lula da
Silva, nós reconhecemos aos liberais, agregados no Partido Social Liberal e no
Partido Liberal, o direito de se comporem com quem entenderem adequado e até
entendemos que é natural - estando eles participando do Governo Federal - que
participassem do Governo Municipal. Mas com essa mesma naturalidade, Ver.
Almerindo Filho, meu particular amigo, homem que eu fui buscar para concorrer à
Vereança pelo PFL - não me arrependo, ou encontrei na Igreja Universal do Reino
de Deus, e isso não me fez diminuir o interesse pela sua candidatura -, V. Exa.
nunca me enganou; então, eu posso falar-lhe tranqüilamente como falo no meu ou
no seu gabinete. Eu tenho que dizer com toda a tranqüilidade, porque, ontem,
fiz um apelo a V. Exa. para que buscasse excluir do acordo do PSL com o Governo
a necessidade de votar aumento de impostos nesta Cidade, até dizendo que nós
que havíamos sido eleito pelo PFL, tínhamos um compromisso com a Cidade de não
nos colocarmos a favor do aumento dos tributos municipais, especialmente nesta
hora em que a derrama fiscal já ocorre de forma muito violenta em termos
federais. A carga tributária neste País é insuportável.
Então, com essa tranqüilidade e
autoridade, quero dizer que realmente tenho que olhar com uma certa
intranqüilidade, quando vejo o Ver. Juarez Pinheiro – que me deu uma bela
explicação há poucos momentos -, uma infeliz coincidência de que o anúncio do
apoio do PL e do PSL, o seu ingresso na Frente Popular de Porto Alegre, Ver.
Cassiá Carpes, coincida com o retorno a Ordem do Dia de um Projeto malfadado,
que foi repelido pela maioria da Casa no ano que passou e que, por isso, foi
retirado da Ordem do Dia; que esteve por oito meses nas gavetas da Liderança do
Partido dos Trabalhadores e, agora, por coincidência, retorne ao debate numa
expectativa de que as coisas possam ter mudado nesta Casa. Consultei, Ver.
Almerindo Filho e Ver. Valdir Caetano, todos os Vereadores da Casa,
independentemente de posição política ou de compromisso que tenham assumido
neste momento ou no passado, para que se engajem numa frente parlamentar de
defesa do contribuinte. Espoliado contribuinte, que a cada dia está sendo
chamado a pagar mais impostos ainda e que, certamente, esses haverão de estar
muito atentos no ano que vem. E ver aqueles que são coerentes no discurso e
aqueles outros que, até manejando e manipulando pesquisa, ficam procurando
explicar a mudança de posição que, no nosso caso, PFL, não ocorre. Estamos na
posição, em nível federal, que as urnas não colocaram, e aqui na tribuna e na
vivência parlamentar da Câmara Municipal, com a nossa representação reduzida a
um único Vereador - quem lhes fala no momento - e também exercitaremos a
coerência.
Assumimos o compromisso com a cidade de
Porto Alegre de não colaborarmos com o nosso voto e com o nosso apoio para o
aumento da tributação nesta Cidade. Somos coerentes. Se a matéria da
instituição, se a Contribuição de Iluminação Pública vai ser votada hoje,
amanhã ou daqui a algum tempo, não nos releva. Nós manteremos a nossa
coerência, somos contra a instituição dessa nova taxa, dessa nova contribuição,
desse novo tributo, porque isso onera uma sociedade já extremamente onerada por
uma pesada carga tributária, e até porque os fundamentos que instruem a
instituição dessa Contribuição de Iluminação Pública não são éticos, à medida
que ela surge para suprir o calote que o Município tem dado à Companhia
Estadual de Energia Elétrica.
Por isso, Sr. Presidente, eu reafirmo
essa posição com o maior respeito a todos os companheiros desta Casa, mas volto
a enfatizar o meu apelo ao Ver. Almerindo Filho de que, ao assumir o novo
compromisso, não volte as costas ao antigo compromisso, assumido quando
candidato pelo PFL, de jamais contribuir para que a carga tributária aumente
neste Município. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. Elói Guimarães assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra em Tempo de Presidente.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
tenho absoluta convicção de que não é nenhum mérito ser o Vereador mais antigo
desta Casa, mas o fato de ser o Vereador mais antigo, o fato de ter uma longa
vida pública no serviço público municipal colocou-me ao lado de pessoas
extraordinárias e fez-me pensar muitas vezes e dizer muitas vezes coisas que
foram bem pensadas.
Em 1972, logo depois que cheguei nesta
Casa, eu tentava pensar o que é que era boa política. Quando eu convivia com
Loureiro da Silva, na Prefeitura, eu achava que boa política era boa
administração, porque via nele o extraordinário administrador que era, e as
coisas, politicamente, davam certo por ele. Quando eu cheguei aqui, comecei a
olhar algumas coisas, eu achei que boa política era a realização do bem comum
com educação. Eu imprimi um papelzinho que dizia exatamente isto: "Boa
política é a realização do bem comum com educação." E eu procurei sempre
me manter dentro dessa linha. Mas eu também convivi e, no dia em que eu tomei
posse na Presidência, disse que eu teria como me inspirar em duas figuras:
Loureiro da Silva e o grande Presidente desta Casa que foi José Aloísio Filho.
José Aloísio Filho foi um Presidente que entendeu plenamente o que era a
Câmara, o que era a Casa do Povo de Porto Alegre, entendeu e tentou transmitir
que cada Vereador pertencia à Câmara, estava na Câmara para servir e que a
Câmara não estava à disposição dos Vereadores, os Vereadores é que estavam à
disposição da Câmara. Dizia Aloísio Filho que, quando o Vereador se projetava,
quando o Vereador era promovido, era a Casa do Povo, era a Câmara Municipal que
se promovia. Eu devo dizer da minha frustração, nós somos todos homens
responsáveis, mulheres responsáveis, eu não tenho nenhuma satisfação de
conduzir, como faço; eu venho no início da Sessão, saio no final da Sessão e, muitas
vezes, tenho profunda tristeza, porque sou obrigado, como nós todos fomos
obrigados recentemente, a ouvir que para nós só falta a lona. Sou obrigado o
ouvir o Ver. Haroldo de Souza, novo que é, dizer das suas preocupações, porque
as coisas não acontecem com a celeridade e com a serenidade que deveriam
acontecer. Eu citei, e citei errado, é de Voltaire, dizia ele: "Não
concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o direito
de dizê-las.” Mas isto é o Parlamento! E aqui nós não conseguimos falar assim.
Se eu falar agradando a “A”, “B”, “C” ou “D”, está tudo muito bem, mas, se eu
desagradar o “X” ou o “Y”, vem o troco na mesma hora, de forma anti-regimental.
Isso não constrói para a Casa do Povo de Porto Alegre. O povo espera que os seus
representantes ajam com serenidade, com responsabilidade, com seriedade, com
educação, com respeito. Mesmo não concordando, eu sou obrigado a ouvir, depois
eu tenho a tribuna para também colocar as minhas posições. Mas não parece que
seja assim, enquanto eu não agradar, eu só posso ter atritos. O Plenário
deveria ser como neste momento: todos quietos, todos ouvindo o orador na
tribuna e todos dando a sua contribuição para que esta Cidade, que é nossa -
Cidade sob a qual nós temos imensa responsabilidade -, possa crescer de forma
correta. Se nós nos desentendermos aqui, por qualquer coisa, a Cidade não vai
crescer, nós não vamos ajudar a Cidade. Nós não estamos aqui para ser contra
esse ou aquele, nós precisamos ser a favor do certo e contrários ao que é
errado. E, quando nós fizermos assim, a Cidade vai crescer tranqüilamente; a
Casa do Povo de Porto Alegre, que vai completar 230 anos, agora no dia 6 de
setembro, vai ser elevada, vai ser respeitada, vai ser amada; caso contrário,
nós só vamos enfrentar dificuldades. Mas eu tenho consciência de que cada um
dos Srs. Vereadores é melhor do que eu; cada um dos Srs. Vereadores ama mais do
que eu esta Câmara; cada um dos Srs. Vereadores ama mais do que eu esta Cidade;
nós vamos construir, nós não vamos mais brigar, não vamos mais nos atritar,
porque é tão fácil conjugar o verbo servir. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. João Antonio Dib reassume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum, passamos
à
Como alguns Requerimentos precisam ser
votados, a Mesa toma a liberdade de colocar em votação.
Em votação o Requerimento nº 151/03, de
autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que solicita realização de Sessão Solene em
homenagem à Polícia Rodoviária Estadual da Brigada Militar pela passagem dos
seus 50 anos de criação. A Sessão Solene, inicialmente, seria no dia 12 de
dezembro, e posteriormente foi alterada a data para o dia 28 de novembro.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Em votação o Requerimento nº 159/03, de
autoria do Ver. Carlos Pestana, que solicita autorização para representar esta
Casa no Seminário Nacional em Defesa do Financiamento Público para Habitação e
no Seminário Nacional de Cooperativismo e Associativismo, em Brasília, nos dias
08 a 11 de setembro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação o Requerimento nº 161/03, de
autoria do Ver. Raul Carrion, que solicita autorização para representar esta
Casa no Seminário Nacional em Defesa do Financiamento Público para Habitação e
no Seminário Nacional de Cooperativismo e Associativismo, em Brasília, nos dias
09 a 11 de setembro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação o Requerimento nº 162/03, de
autoria do Ver. Elói Guimarães, que solicita autorização para representar esta
Casa no VII Encontro Nacional de Revendedores de Combustíveis, a se realizar no
Centro de Convenções de Gramado, no dia 28 do corrente mês. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Ver. Sebastião Melo, desejo entregar a V.
Exa. as cópias de todas as Atas das reuniões da Mesa Diretora.
(Procede à entrega das cópias das Atas.)
Havendo um Parecer conjunto a ser
discutido pelas Comissões de Justiça, Educação e Defesa do Consumidor em
relação ao Projeto que dispõe sobre a reserva de vagas para afro-descendentes
em concursos públicos para provimento de cargos efetivos e dá outras
providências, solicito que o Ver. Reginaldo Pujol, Presidente da Comissão de
Justiça, assuma a presidência dos trabalhos para a Reunião Conjunta. Eu
pergunto à Diretoria Legislativa... Eu vejo que há várias cópias e tenho a
impressão de que não foram distribuídas para os Srs. Vereadores. Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h56min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 17h): Estão reabertos os
trabalhos.
Obrigado, Ver. Reginaldo Pujol, pela
discussão e conseqüente aprovação do Parecer conjunto.
O
SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, há uns
três dias, a nossa Assessoria está diligenciando nos setores da Casa, para
encontrar um Processo de uma Lei denominada Pedro Ruas, que foi votada em 1993
e regulamentada em 1994. Em todos os setores da Casa, não se encontra o
Processo, razão pela qual este Vereador requer uma certidão da Mesa, informando
em que setor se encontra esse Projeto ou se realmente ele foi extraviado desta
Casa, para que eu possa, depois da resposta, saber qual a providência que vou
encaminhar. Eu diligenciei e vários funcionários meus, mas não encontro o
Processo.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Sebastião Melo,
creio que o que V. Exa. deseja é a Lei que estabelece ISSQN para bancos. Vossa
Excelência deve fazer um Requerimento, por escrito e protocolado, mas, de
qualquer forma, eu vou tentar ajudar V. Exa. também a tentar localizar o
Processo, porque acho muito importante que qualquer Vereador tenha acesso a
ele.
Aguardo a decisão das Lideranças sobre o
que deva ser votado em primeiro lugar na Ordem do Dia de hoje.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 17h02min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib - 17h06min): Estão
reabertos os trabalhos.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, a
Ver.ª Maria Celeste pede que eu informe a V. Exa. que, consultadas as
Lideranças das várias Bancadas da Casa, há concordância de que se vote, de
imediato, o PR n.º 055/03, de autoria da Mesa Diretora, que inclui o art. 239
no Título X - das Disposições Transitórias... Vereador, até para simplificar,
nós estamos tendo dificuldades aqui, é o que trata da instituição da Comissão
Especial para o Plano Diretor.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Que seja colocado em
votação?
O
SR. REGINALDO PUJOL: De imediato.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): De acordo com que
propõe o Plenário.
VOTAÇÃO
(encaminhamento:
bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. 2864/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 055/03, de autoria da Mesa
Diretora, que inclui art. 239 no Título X - Das Disposições Transitórias da
Resolução n.º 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores
(Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre).
Parecer:
- da Comissão
Especial. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação de Projeto e da Emenda n.º
01.
Observações:
- votação nos termos do art. 126 do Regimento da CMPA;
- incluído na Ordem do Dia em 06-08-2003;
- retirada a Emenda n.º 01.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o PR n.º
055/03, que inclui o art. 239 no Título X - das Disposições Transitórias da
Resolução n.º 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores, que é o
Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, e que trata da Comissão que
deverá receber as alterações a serem propostas pelo Executivo. O Projeto já foi
discutido regimentalmente e, neste momento, então, nós entramos no processo de
votação.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): A discussão deste
Processo está encerrada?
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A discussão está
encerrada, são três Sessões de discussão.
O
SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Só cabe
encaminhamento?
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Só cabe
encaminhamento.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 055/03.
O
SR. ISAAC AINHORN: Srs. Vereadores, cumprindo um mandamento
regimental, nós estamos estabelecendo uma regimentalização para o processo de
reavaliação do Plano Diretor. Entendo que, de um lado, toda Lei está em
processo permanente, dinâmico de reavaliação, até porque toda norma de direito
positivo pode ser, a qualquer momento, sujeita e suscetível a uma alteração,
mas nós temos a consciência de que esta Lei tem um conteúdo muito maior, ela
tem uma dinâmica muito maior, porque envolve a própria estrutura do tecido
urbano da Cidade. A vigência da Lei que nós criamos, da Lei Complementar n.º
434, que é de 1999, deu-se em março de 2000, portanto nós temos três anos de
vigência dessa Lei. Em três anos de vigência do Plano Diretor, já há algumas
propostas de alteração desse mesmo Plano e, além disso, além das propostas que
já tramitam nesta Casa, nós observamos um movimento social na busca da
reflexão, na busca de um aperfeiçoamento de alguns institutos de natureza
jurídica consagrados pela Lei Complementar nº 434, de 1999, com vigência a
partir do ano de 2000. Então, é importante, neste momento, referir-se
exatamente a esse processo de reavaliação. Nós temos assistido aqui a algumas
manifestações de Tribuna Popular, de movimentos de bairros, que buscam pensar e
refletir sobre alguns pontos desta Lei de Desenvolvimento Urbano. Há alguns
dias, participei de uma preparatória do Congresso da Cidade, organizada pelo
Executivo Municipal, lá nas dependências do City Hotel, na Rua José Montaury.
Eu participei de alguns debates e de algumas discussões preliminares
encaminhadas pela Secretaria do Planejamento Municipal, e alguns temas estão na
ordem do dia até por pressão social, e isso é positivo, isso é altamente
positivo. Nós estamos debatendo e discutindo sobre a questão das áreas
especiais de preservação cultural. Agora, em matéria de preservação de
patrimônio histórico, o campeão em preservação é o Partido dos Trabalhadores. O
ex-Prefeito Raul Pont demoliu um prédio histórico para construir uma réplica,
isso é a maior ofensa que existe em matéria de preservação do patrimônio
histórico, que foi o Mercado Bom Fim. Mas é inesquecível, está consagrado na
história da Cidade que alguém botou abaixo, é como se alguém botasse abaixo o
Mercado Público Municipal lá do Centro e depois ali tentasse fazer uma réplica
do Mercado. Lógico que o Mercado Público, e eu concordo com o Ver. Zé Valdir,
era do século passado, e o Mercado Bom Fim, embora não tivesse toda a história,
essa história do Mercado Público do Centro, ele é de 1941, já teria mais de 60
anos e foi desmanchado pelo Prefeito Raul Pont. Eu quero acentuar que, com
relação a essas questões, é importante estabelecermos um grande debate aqui
nesta Casa no momento em que se constitui essa Comissão. Nós observamos o
interesse dos Vereadores e da sociedade como um todo, por intermédio das
comunidades, das organizações não-governamentais e daquelas que estão ligadas
aos setores produtivos, em estabelecer uma ampla discussão sobre esse processo.
Com a aprovação dessa proposta, nós estaremos inaugurando o debate e a
discussão.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 055/03.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos
debatendo a proposta da Mesa Diretora, que inclui as disposições transitórias
do Regimento da Câmara Municipal, para examinar a implantação do Plano Diretor.
Eu gostaria de começar este discurso da mesma forma que
comecei o meu discurso anterior. Há uma profunda necessidade de mudança em
relação ao conceito dos políticos junto à opinião pública brasileira, pois é
exatamente esse enfoque que nós vamos buscar, quando debatermos o Plano
Diretor. O que está em jogo é a voracidade da máquina pública arrecadadora, a
idêntica voracidade dos empresários, tentando fazer de Porto Alegre uma cidade
de extrema verticalidade, tornando o panorama magnífico de uma Cidade muito
mais retificada, numa Cidade pálida ou pacificada pela presença disforme,
aberrante, de arranha-céus, que fazem com que os moradores percam a
sensibilidade horizontal e passem a se empilhar verticalmente.
Isso é maravilhoso para a Administração, que fatura muito
mais, mas isso é péssimo para o clima, para o meio ambiente e, especialmente,
para os microclimas das cidades. E a cidade de Porto Alegre perdeu seus
microclimas. Os microclimas que havia antigamente, aqui em cima, na beira do
rio, ainda se preservam um pouco. Vejam que a temperatura na beira do rio é
completamente diferente, hoje, das temperaturas nos centros das cidades.
Nós falamos isso, porque queremos que a
nossa história como Cidade, o pouco que ainda resta deste povo sem memória,
seja conservada, que a nossa Cidade não seja ocupada por imensos paliteiros.
Um dia disseram-me que Porto Alegre é
parecida com uma determinada ponta de Manhattan. Mas que horror! Não é nada
disso! Nós queremos uma Cidade muito mais horizontal e muito menos vertical.
Queremos uma Cidade que tenha projeto, que tenha direção, queremos que se
respeite a alma da Cidade. Nós queremos que se respeite o coração das cidades,
que a intervenção do ser humano seja a menor possível, no sentido de não
degradar seu meio ambiente e de não tirar a espontaneidade do seu crescimento.
Há uma luta entre as ideologias intervencionistas
nas cidades contra a expansão natural das cidades. As cidades têm sentimento,
têm cultura, têm esquinas, têm reuniões, têm personalidades. E isso não pode
ser perdido no anonimato em que são jogadas essas verdadeiras “pedras
preciosas” dentro das comunidades. Elas são jogadas no anonimato em troca do
predomínio do tamanho e da altura, da volumetria, que é absolutamente
devastadora nas cidades, tornando o seu panorama aberrante e insuportável do
ponto de vista de meio ambiente.
Esse conjunto vai ser estudado com a
responsabilidade dos 17 Vereadores que terão de lutar contra pressões, contra
interesses, principalmente, terão de ir em busca de um novo conceito de
político, que a população tenha confiança no trabalho de um político. E que
nunca esse verdadeiro voto de confiança seja quebrado, o que somos todos os
dias levados a absorver, quando, na presença de uma pessoa, dizemos que somos
políticos. Que se mude esse conceito!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 055/03.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, é oportuno, no momento em que se encaminha a Comissão que discutirá
a revisão do Plano Diretor, trazer algumas questões. A primeira delas, Ver.
Elói Guimarães, é como que eu vou revisar uma Lei, que é de 1999, se a maioria
das Leis Complementares, que derivaram dessa Lei maior, não foram remetidas a
esta Casa pelo Poder Executivo? Como é que eu vou avaliar um Plano, se a
maioria das Leis que poderiam dar seguimento ao Plano não vieram a esta Casa?
Poderão até vir agora.
Vejam, por exemplo, a questão da nossa
área rural, que hoje é rururbana. A Prefeitura, há duas semanas, entregou,
simbolicamente, os primeiros 13 lotes aos agricultores que foram isentos por
uma Lei Complementar. Mas, até o momento, não há nem sequer o cadastro desses
1.200 agricultores!
Eu sei que esta Casa,
Vereador-Presidente, discutiu profundamente a questão do solo criado e
entendeu, naquele momento, que deveria aprovar o solo criado. Eu fui em busca
dos recursos auferidos com o solo criado e dei-me conta de que é um valor
ínfimo, ou seja, um valor muito pequeno. Alguma coisa está errada!
Eu sou daqueles que acham que o solo
criado é um instrumento importante, Ver. Juarez Pinheiro, mas ou ele foi
malconcebido ou está sendo mal-executado, porque, vejam o seguinte: primeiro,
eles elevaram os índices construtivos da Cidade a um nível estratosférico,
depois colocam o solo criado. É claro que eu não vou vender solo criado. Ou vou
vender só para duas ou três regiões, que são o Moinhos de Vento, o Mont’Serrat
e o Rio Branco. Se o construtor quiser fazer hoje uma construção no Partenon,
ele tem índice construtivo e tem terrenos disponíveis, ele jamais precisará
comprar um solo criado. Significa que aquela região não vai ser desenvolvida, e
o erário não vai conseguir botar dinheiro no seu caixa para poder investir
naquilo que é nobre, que é habitação popular.
Então, essa é uma questão que está em
discussão, pois manter o solo criado como está é “para inglês ver”, porque,
daqui a quatro anos, nós vamos ter auferido mais sete milhões de reais, porque
de 1999 até agora arrecadaram sete milhões de reais na venda de índices
construtivos. Então, esse é um dos itens que tem que pautar o nosso debate
nesta Casa.
Ora, quando nós estamos revisando o Plano
Diretor, nós temos que discutir os loteamentos clandestinos, porque não há a
fiscalização da Prefeitura, a Zona Sul é um mar de loteamentos clandestinos.
Lamentavelmente aos produtores rurais, mal-informados, os picaretas dos
loteadores dizem: “Olha, se você não lotear isto aqui, a Prefeitura vai lhe
tomar o imposto.” Ele não conhece bem a legislação, e dali a um pouco é mais um
loteamento que se faz no nome do proprietário da terra, e ele fica respondendo
na Justiça. Isso deve ser discutido na Comissão que vai revisar o Plano
Diretor.
Outra coisa, Presidente, não dá para admitir que se leve
três, quatro anos para aprovar um Projeto na Prefeitura de Porto Alegre. As
Secretarias atinentes a essa matéria deveriam ser um facilitador, mas elas
criam dificuldade, para fortalecer as posições dos “burrocratas”. E os grandes
construtores encontraram esse caminho. Hoje, eles conseguem aprovar os seus
projetos, até porque são assessorados por muita gente que trabalha na
Prefeitura, mas os pequenos não conseguem aprovar, entram na fila comum - disso
nós temos que falar também.
Eu acho legitima a postulação dos
moradores do bairro Moinho de Ventos, do bairro Petrópolis sobre a questão das
alturas. Mas altura tem de ser discutida dentro de um contexto; altura por si
só não é melhor, não é pior. Agora, eu tenho de discutir o monitoramento antes
de discutir a altura. Hoje eu não sei quantas pessoas há no Moinhos de Vento e
quantas ainda podem entrar, pelo sistema, porque não há um monitoramento. Isso
está errado! Se eu tenho o monitoramento, eu sei que lá pode haver tantas
famílias; portanto, tenho um limite de construção. Hoje isso não é feito.
Então, acho oportuno que efetivamente possamos fazer a discussão com a
população do conjunto da Cidade. É bom que seja o bairro Moinhos, é bom que
seja o bairro Petrópolis, mas é bom que seja a Restinga, o 4º Distrito,
Anchieta, Cidade Baixa, o Centro de Porto Alegre, porque a Cidade tem de ser
revisada no seu todo.
Por isso, nós encaminhamos favoravelmente
este Projeto e achamos que é o momento de esta Casa produzir uma boa discussão.
Acho que a discussão será no ano inadequado, porque ano de eleição não seria
ano de discutir Plano Diretor, mas lamentavelmente estamos caminhando para
isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 055/03.
O
SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, estamos instituindo uma Comissão de fundamental importância para
debater, discutir, analisar, chamar a sociedade porto-alegrense para o que há
de mais importante em uma Cidade: o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano,
que ainda espero que seja também ambiental, porque não é ambiental de fato. É
apenas o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o Ambiental fica no nome.
Começa por aí um dos motivos pelos quais
temos que, sim, debater aprofundadamente este Plano. A Comissão de Saúde e Meio
Ambiente e a CUTHAB fizeram, em conjunto, uma Audiência Pública, aqui, dando
início ao processo de discussão, juntamente com a sociedade, sobre o Plano
Diretor, sobre a vida - literalmente a vida - e a qualidade de vida das pessoas
que moram nos bairros, que moram nas vilas, na Zona Rural, que não é mais
rural, que agora é rururbana, que deveria, sim, continuar rural. Nós iniciamos
esse processo. A Prefeitura não queria discutir, Ver. Pedro Américo Leal, ela
dizia: “Não, nós apenas temos de avaliar o Plano Diretor. O Plano está muito
bom. Para que mexer no Plano?” O Executivo dizia isso. Um dos setores da
sociedade também não queria discutir. Tudo bem, legitimamente. Não queria
discutir, achava que estava bom. Mas o Executivo não querer discutir o Plano
Diretor da cidade de Porto Alegre?
Ver. Reginaldo Pujol, mais uma vez, esta
Casa, atenta, deu início ao debate do Plano Diretor que o Executivo não queria.
Fizemos então essa Audiência Pública, em junho, na Semana do Meio Ambiente.
Fizemos um Seminário, porque queríamos mostrar que queríamos, sim, um Plano
Diretor com uma concepção ambiental. E aí, Ver. Wilton Araújo, o Executivo
passou então a também discutir o Plano Diretor, com quatro reuniões em julho,
uma agora em agosto, preparando a Conferência, Ver. Aldacir Oliboni, para o dia
6. Não queria, mas foi obrigado a discutir. Tarde, mas ainda em tempo, a
sociedade deu-se conta de que o Plano Diretor diz respeito ao seu dia-a-dia.
Deu-se conta de que, embora a Lei Orgânica do Município preveja que se deve
fazer o mapeamento dos ecossistemas remanescentes da Cidade para então
apresentar o Plano Diretor, o Plano Diretor que aí está desrespeitou a Lei
Orgânica do Município e apresentou apenas um mapa, sem identificar as
propriedades e os locais das áreas a serem preservadas como ecossistemas
remanescentes e patrimônio ambiental. Uma primeira ilegalidade do Plano
Diretor, portanto, perante a Lei Orgânica do Município.
A Lei Orgânica do Município, de forma
muito clara, no capítulo do Plano Diretor, diz que, antes de se apresentar o
Plano Diretor, se deveria fazer um estudo geológico, para então fazer o
zoneamento. Nenhum estudo geológico foi feito até hoje na cidade de Porto
Alegre. Portanto, é uma segunda ilegalidade do Plano Diretor perante a Lei
Orgânica do Município. O Plano Diretor prevê, e isso é muito bom, o patrimônio
cultural, que não foi regulamentado, embora, segundo a Secretaria da Cultura,
isso já havia sido feito, mas não transformado em lei como previu o próprio
Plano Diretor.
O programa viário, previsto no Plano
Diretor, inclusive, com sistema cicloviário - nós estamos também colocando o
transporte fluvial -, não foi regulamentado, apenas de forma genérica no Plano
Diretor. Portanto, o Plano Diretor que aí está transformou a Cidade numa cidade
insustentável, porque previu e regulamentou apenas o que pode ser construído,
mas o que é para ser preservado não foi regulamentado. O programa viário não
foi regulamentado, isso torna a Cidade insustentável. Apenas uma parte foi
regulamentada e, portanto, está sendo feita. As outras partes que complementam
o Plano, concluo, Sr. Presidente, não foi regulamentado.
Agora, cabe a esta Câmara, ouvindo a
sociedade, complementar o que o Executivo não fez, ou seja, o Plano Diretor com
a cara da sociedade porto-alegrense. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 055/03.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, a Casa ingressará num debate extremamente importante em relação a
uma das Leis mais importantes para uma cidade e, de resto, para o Município,
que é o seu Plano Diretor, que são limitações que se estabelecem em diferentes
campos da construção da cidade, da produção da cidade, da circulação da cidade,
com vista a se estabelecer um modelo que deve ser a expressão, tanto quanto
possível, da vontade da população.
Evidentemente, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a maneira de ver as coisas varia entre as pessoas; uns entendem que
determinados modelos se ajustam melhor a essa ou àquela realidade, outros
entendem diferente, mas, de qualquer forma, temos que conceber uma Cidade que
seja propícia à qualidade de vida dos seus cidadãos, dos seus munícipes, porque
é uma obra para gerações vindouras... Evidentemente, para a atualidade, mas que
vai se projetar no futuro. Um modelo de cidade, um tipo de cidade, um desenho
de cidade, interfere, sim, diretamente, na qualidade de vida dos seus
moradores. A cidade tem de ser bonita, esteticamente bela e, tanto quanto
possível, a sua circulação e as suas áreas têm de, exatamente, estabelecer uma
relação de empatia com seus moradores, com seus habitantes, de resto, com seus
súditos, por assim dizer. A questão ambiental é uma questão importante,
fundamental, suas áreas culturais, seus monumentos... Eu até tenho um Projeto,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que proíbe a alteração de determinados
monumentos. Tanto quanto possível, nós temos de manter esses espaços onde se
fotografa, por assim dizer, a história, por intermédio dos seus monumentos,
porque isso constitui a própria fisionomia da Cidade. A Cidade tem um rosto e
um corpo que, ao longo do tempo, senão das décadas e até dos séculos, são
incorporados por seus moradores, seus habitantes.
Então, jamais se pode admitir a
deformação de uma cidade. Isso é um crime contra o futuro e contra as gerações
futuras. Portanto, trata-se de uma matéria importantíssima que vamos debater,
no sentido de buscarmos um melhor resultado para o futuro. Sr. Presidente,
encaminharemos favoravelmente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Pestana
está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 055/03.
O
SR. CARLOS PESTANA: Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa; demais
Vereadoras e Vereadores, como já foi dito pelos que me antecederam, esse tema
do Plano Diretor é de extrema relevância para a nossa Cidade.
A Administração Popular, por intermédio
da Secretaria do Planejamento e pelo conjunto de outras Secretarias,
estabeleceu uma série de debates sobre o nosso Plano Diretor; Plano Diretor que
é um dos mais avançados do País. Evidentemente e sabiamente, foi previsto, na
sua aprovação, a sua própria reavaliação. Não é um Plano perfeito, não é um
Plano acabado, mas volto a dizer, é uma das legislações mais avançadas na
esfera dos Planos Diretores do nosso País.
Este Plano tem pautado, nessa discussão
de reavaliação, a questão do Estatuto da Cidade, a questão do sistema viário, a
questão dos grandes empreendimentos, a questão das alturas, a questão do Plano
Ambiental, a que se referia o Ver. Beto Moesch. Com toda a razão, são debates
que a Administração, junto com a sociedade, vem fazendo por intermédio de um
Seminário, de uma Conferência referente ao Plano Diretor, que há poucos dias
teve a sua pré-conferência sobre avaliação do Plano, em que a sociedade civil,
por intermédio das suas mais diversas associações, teve oportunidade de propor
ao Executivo um conjunto de sugestões, de alternativas para melhorar e
qualificar a vida da nossa Capital. Esta Casa tem o dever, por intermédio desta
Comissão, de promover um conjunto de debates que abarque o conjunto de
situações previstas nesta reavaliação. O Executivo já tem um compromisso, já
vem sinalizando para o conjunto da Cidade que vai encaminhar, nos próximos
dias, uma proposta de sistema viário; vai encaminhar um conjunto de iniciativas
referente aos grandes empreendimentos; já tem um estudo, Ver. Beto Moesch,
sobre a questão da preservação cultural, que também é um compromisso do
Executivo encaminhar a esta Casa. Então, nesse debate, que vai ser um debate
extremamente rico, deverão os Vereadores dessa Comissão, fundamentalmente,
construírem com o conjunto da sociedade. E aí eu estou de pleno acordo com o
Ver. Sebastião Melo, deve passar não só por aquelas associações que se fizeram
presentes aqui, na abertura do recesso, a Associação Moinhos de Vento, a
Associação Petrópolis Vive, a Associação Bela Vista, a Associação Menino Deus,
mas pelo conjunto da Cidade, porque esse é um tema que interessa a todos os
cidadãos de Porto Alegre. Portanto, eu tenho a certeza de que esta Casa vai ter
a capacidade de estabelecer esse diálogo que já iniciou com o Executivo
Municipal, com o conjunto dos cidadãos de Porto Alegre. Eu tenho a convicção,
como já foi em 1999, quando nós passamos nesta Casa discutindo por mais de um
ano o Plano Diretor, foi um plano extremamente positivo, de que este ainda vai
ser um plano bem superior, porque vai conseguir incorporar aquilo que teve
efetivamente de avanço de 1999 e corrigir eventuais distorções ou problemas que
foram constatados a partir da sua aplicação. Então, tenho esta convicção: o
debate que deverá ser promovido por essa Comissão vai conseguir produzir esse
efeito, de manter aquilo que nós construímos, após um amplo debate nesta Casa,
de positivo, e alterar aquilo que nós constatamos a partir da aplicação do
Plano Diretor, o que eventualmente foi equivocado e que não foi constituído
como o melhor para a Cidade. É com esse espírito, com essa determinação, que a
Bancada do Partido dos Trabalhadores vem aprovar essa Comissão e participar
dela, no sentido de melhorar e qualificar a nossa Cidade.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 055/03.
O
SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, queríamos também, em nome da Bancada do PC do B, Partido Comunista
do Brasil, dizer da nossa concordância e da importância que damos a essa
Comissão e a essa discussão, que provavelmente não se abre na Casa com a
constituição da Comissão, mas que irá se aprofundar e ganhar um caráter mais
organizado. Na verdade, o Plano Diretor foi aprovado em 1º de dezembro de 1999,
entrou em vigor em 27 de março de 2000, portanto passaram-se três anos da sua
aplicação. É na aplicação de qualquer legislação, principalmente, de um plano
diretor, que se conhecem os aspectos positivos e negativos. Não só é necessária
essa avaliação, como devemos registrar aqui que, entre a aprovação deste Plano
Diretor e os dias de hoje, ocorreu a aprovação de uma legislação fundamental no
âmbito urbanístico, que foi o Estatuto da Cidade, aprovado no Congresso
Nacional em julho de 2001. O Estatuto da Cidade, depois de praticamente mais de
dez anos, regulamentou na Constituição Federal o capítulo sobre a questão
urbana, que são, resumidamente dois artigos, os artigos 183 e 184, que mudaram
profundamente o entendimento da questão urbana, inclusive colocando a questão
do uso social da propriedade urbana, acabando com aquela santa propriedade
privada inabalável da terra urbana, mostrando que a terra urbana só tem valor
na medida em que o Poder Público investe e cria a infra-estrutura da Cidade,
que ela tem de estar a serviço do conjunto da Cidade. Então, evidentemente, um
plano diretor construído anteriormente tem de ser adequado às novidades do
Estatuto da Cidade. Creio que essa é uma questão essencial. Concordo com o Ver.
Carlos Pestana de que o nosso Plano Diretor é avançado, inclusive porque a Lei
Orgânica de Porto Alegre é muito avançada. Acho que o Ver. Wilton Araújo
participou da elaboração como Relator, época em que eu, infelizmente, não era
Vereador nesta Casa, mas acompanhei. A nossa Lei Orgânica avançou em relação ao
Estatuto da Cidade, que hoje vem consolidar. Porto Alegre, em 1990, procurou
regulamentar, naquilo tudo que entendeu auto-aplicável, a Constituição, os
artigos 183 e 184, mas agora tem o respaldo Federal nas questões, como o IPTU
progressivo, que foram questionadas na Justiça.
Então, eu creio que nós teremos, nesta
Casa, uma oportunidade de ouro para adaptar o Plano Diretor, que é avançado,
progressista, para o Estatuto da Cidade. Teremos, ainda, Srs. Vereadores,
oportunidade de ter a primeira Conferência Nacional das Cidades, em outubro,
que certamente trará importantes contribuições. Eu penso que é um momento rico.
Eu e o Ver. Beto Moesch estivemos na
primeira discussão que CUTHAB e a COSMAM fizeram juntas. Entendo que a
Prefeitura não foi contrária à discussão; ela já estava realizando seus fóruns
internos e colocou que o segundo semestre seria o momento da Conferência
Municipal sobre o Plano Diretor. Participei de reuniões, o Ver. Sebastião Melo
e o Ver. Beto Moesch participaram, eu penso, então, que a discussão está
colocada.
Para concluir, eu quero dizer que uma das
discussões que está em jogo é a discussão das alturas, mas, sinceramente, Ver.
Wilton Araújo, resumir uma discussão tão complexa a esse problema vai ser um
atraso para a Cidade. Eu não sou fundamentalista nem da cidade horizontal, nem
fundamentalista da cidade vertical, mas nós temos de ser capaz de compor essas
questões de uma forma justa. Há, Ver. Wilton Araújo e Ver. Juarez Pinheiro,
dois conflitos aqui: por um lado, há os interesses dos construtores, de
aproveitar a capacidade de infra-estrutura e elevar em determinados lugares da
Cidade; e do outro, há o interesse burguês, também, daqueles que estão bem
instalados nos bairros ricos e que não querem compartilhar a infra-estrutura.
Então, nós temos de encontrar um meio
termo adequado, e eu penso que o centro deve ser a adaptação do nosso Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental ao Estatuto da Cidade, que essa é
a grande novidade, neste momento, no nosso País e para a nossa Cidade.
Muito obrigado, inclusive pela paciência
do meu Presidente que, pela importância do tema, me permitiu estender alguns
segundos mais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para encaminhar a votação do PR nº 055/03.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
encaminhamento de votação deste Projeto de Resolução da Mesa já mostra o grau
de interesse que desperta esse assunto com as manifestações apropriadas feitas
por inúmeros Srs. Vereadores, sob ângulos diversificados, da amplidão da
matéria que nós vamos ter de tratar.
Eu tive a oportunidade de dizer, em
outras ocasiões, que a grande tarefa que caberá a essa Comissão será no sentido
de, efetivamente, estabelecer os parâmetros e o balizamento do trabalho a ser
desenvolvido nessa avaliação ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental em vigor na Cidade desde dezembro de 1999. Sabidamente, na sua
implementação, apresentou algumas deficiências que, certamente, terão de ser
levadas em conta pelos integrantes dessa Comissão e, posteriormente, pelo
conjunto da Casa, no que diz respeito à efetiva funcionalidade do Plano.
Inúmeras complementações, que rigorosamente já deveriam ter ocorrido há muito
tempo, deixaram de ser realizadas, o que certamente comprometerá, em grande
parte, uma avaliação precisa de um Projeto, cuja implantação se deu, em grande
parte, comprometida pela ausência dessas medidas complementares, as quais,
necessariamente, teriam de ocorrer.
Eu vejo Vereadores inteligentes, como o
Ver. Beto Moesch, fazerem observações absolutamente pertinentes sobre
precondições legais que teriam de ocorrer necessariamente, e a elas eu acresço,
Ver. Beto Moesch, algumas decorrências da própria Lei deliberada nesta Casa,
cuja implementação ficou absolutamente comprometida, por exemplo, com a
ausência de uma definição sobre o sistema viário do Município, o que dificulta
qualquer outra análise. Alguns assuntos aqui tão freqüentemente levantados, como
problemas de compatibilização, altura, afastamento, são fatos que, para serem
devidamente avaliados, têm de se ter rigorosamente à disposição, ter
conhecimento de como é o sistema viário dessas cidades, porque isso vai
determinar que eu diga que, para determinada área de Porto Alegre, a altura e o afastamento podem ser um
ou podem ser outro. Sem isso, nós vamos ter uma dificuldade de difícil
transposição. Mas eu observo - e isso me deixa muito tranqüilo, Ver. Raul
Carrion - o entusiasmo com que o assunto, na sua fase preliminar, é cuidado
aqui na Casa. E a responsabilidade com que ele é cuidado vai nos permitir
proceder esse balizamento, fazer essa análise prévia, chamar à Casa, na mais
absoluta liberdade, os inúmeros segmentos que vão querer, certamente, opinar
sobre o que eles entendem ser o Plano Diretor hoje em vigor na Cidade e que
transferirão, com toda a certeza, subsídios e elementos favoráveis para que nós
façamos uma avaliação adequada. Vossa Excelência, inclusive, Ver. Raul Carrion,
tem razão quando diz que uma das necessidades de que essa avaliação seja feita
é porque precede à nossa decisão de 1999, um fato novo em nível federal, cuja
legitimidade alguns poderão questionar. Alguns entendem que é uma intervenção
exagerada do Legislador Federal no domínio da competência municipal, mas que,
mesmo assim, deixou ampla liberdade, estabelecendo parâmetros largos, nos quais
têm de se assentar as legislações municipais adequadas. Isso que se chamaria
compatibilização entre o Estatuto da Cidade e as legislações municipais
existentes, parecendo-me que esse foi muito mais dirigido àquelas localidades
deste País que se atrasaram na sua organização, do que propriamente àquelas
cidades como Porto Alegre, que, felizmente, tem sido vanguardeira em várias
colocações, tanto que, disposições hoje inseridas no Estatuto da Cidade e ainda
não regulamentadas, aqui, já são leis, já estão regulamentadas e já estão sendo
colocadas em prática. Por isso, Sr. Presidente, eu saúdo este momento como um
momento importante para esta Casa. Sei que V. Exa. pretende dar à constituição
dessa Comissão a devida relevância e, mais do que isso, o devido apoio, para
que ela cumpra rigorosamente as imensas responsabilidades que sobre ela
recairão, que se resumiriam numa colocação: o balizamento da extensão do
trabalho a ser feito na efetiva avaliação deste Plano vigoroso, comprometido em
grande parte na sua implementação, mas, mesmo assim, consistente o suficiente
para merecer uma adequada avaliação da Casa.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do PR nº 055/03.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, esse tema é um tema que a população da nossa Cidade aguarda com
bastante ansiedade.
Na outra Legislatura, quando tivemos a
oportunidade de discutir o Plano Diretor, foi colocado, com muita propriedade,
que, no período de três anos, ele voltaria a esta Casa para ser discutido. É
isso que se está procurando fazer a partir de agora. Tivemos alguns entraves
para organizar e criou-se, durante muito tempo, uma discussão se seriam 17 ou
19 membros os integrantes da Comissão. Definiu-se, optou-se por 17 membros,
respeitando a proporcionalidade dos diversos Partidos, e vai ser criada
Comissão.
Essa Comissão tem algumas características
para analisar. Diversos segmentos da sociedade civil já se estão organizando e,
nesta Casa, inclusive, já ocuparam a Tribuna Popular.
Nós queremos ressaltar algumas questões
pontuais da nossa discussão do Plano Diretor.
Primeiramente, são Projetos especiais que
tratam especificamente da questão do Plano Diretor.
Depois, nós temos de discutir a
estruturação urbana. Porto Alegre cresce, embora seja uma das Cidades com menor
índice demográfico nos últimos anos, mas é importante saber que, mesmo
diminuindo a densidade demográfica - porque Porto Alegre, hoje, é uma Cidade
que não é industrial, é uma Cidade de vocação de serviços, é uma Cidade que nós
queremos, cada vez mais, otimizar a questão do comércio, a questão do turismo,
para que possa, realmente, ser a capital do MERCOSUL -, nós temos de discutir,
por exemplo, a estruturação urbana quanto à questão viária.
Hoje, Porto Alegre tem 800 mil veículos.
É a Cidade, entre as diversas capitais do nosso País, com o maior número de
veículos proporcional à sua população. Então, nós temos de discutir a questão
do problema viário, temos de discutir a questão dos gravames, as novas formas
de crescimento desta Cidade e, dentro do crescimento da Cidade, hoje,
discute-se a questão da volumetria, a questão das alturas. Vários bairros têm
feito aqui uma discussão no sentido de que as alturas que foram concedidas em
1999 estão sendo nocivas à Cidade, e nós temos que realmente ver se esses
impactos estão sendo nocivos ou não.
Temos que rediscutir a questão do solo
criado, mas, na realidade, nós temos que ver como vamos organizar o
monitoramento desse planejamento. Isso é muito importante. Além disso, nós
resolvemos colocar a questão dos instrumentos. Por exemplo, foi feita uma Lei
aqui nesta Casa sobre a questão do solo criado. Temos de discutir, neste Plano
Diretor, novamente, a questão conceitual do solo criado. Temos de discutir a
questão ambiental, a qualidade ambiental da nossa Cidade, que cada vez mais nos
preocupa. E, além disso, para nos consolidarmos como Comissão, temos de
procurar, ao longo desses meses... E aqui, meu Presidente, eu já quero colocar
que essa Comissão, normalmente Comissão Especial é por 90 dias, mas, como esse
é um assunto muito delicado, talvez, nós não cheguemos a um denominador comum
ainda este ano. Então, nós vamos precisar, talvez, continuar discutindo no
próximo ano.
Mas de um detalhe importante que nós não devemos e não
podemos abrir mão é da participação popular, ou seja, nós temos de ouvir todos
os interessados no Plano Diretor aqui nesta Casa, seja a questão por parte da
população, por parte do empresariado, por parte das diversas organizações
representativas dos bairros, porque nós temos de criar um Plano Diretor que
possa, realmente, chegar o mais próximo possível de um consenso. Sabemos que
isso não é fácil, sabemos que existe e exige muita negociação, mas eu acho que,
à medida que nós pontuarmos essas questões, nós teremos condições de evoluir. E
é em cima disso, então, que o PSB quer fazer essa discussão junto com toda a
sociedade civil organizada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o PR n.º
055/03. Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
Aprovada a constituição da Comissão, a
Diretoria Legislativa vai encaminhar a matéria às Lideranças para que indiquem
os representantes, na forma da proporcionalidade estabelecida no próprio
Projeto de Resolução.
A Presidência fará a instalação da
Comissão aqui no plenário com os convidados que os Srs. Vereadores que compõem
a Comissão entenderem necessários e com aqueles convidados que também a Mesa
poderá indicar. Vai ser uma instalação dentro da Sessão Ordinária, um momento
muito importante.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, João
Antonio Dib, aprovado o Projeto de Resolução, e verificando a proporcionalidade
por Bancadas, nós verificamos que o PT fica com cinco vagas na Comissão; o PTB,
com duas vagas; o PDT com três vagas; o PP com duas vagas; o PMDB com uma vaga;
o PSDB com uma vaga; o PPS com uma vaga. São 15 membros, e os demais dois
membros terão de sair de cinco Bancadas de um Vereador, que temos aqui na Casa.
Portanto, eu pediria, em nome da nossa Bancada,
que V. Exa., junto com a Mesa, estudasse o critério para preenchimento dessas
duas vagas restantes, já que a Resolução aprovada não deixa isso muito claro.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A
Diretoria Legislativa vai providenciar, e não haverá nenhum problema.
Votado esse Projeto de Resolução e os
Requerimentos indicados pelas Lideranças, nós não temos nada mais a votar na
Ordem do Dia. E, neste momento, verificamos que, visivelmente, não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h04min.)
*
* * * *